Neste artigo Marcelo Cherto desenvolve com bastante desenvoltura o pensamento básico de Seth Godin sobre Conteúdo e Processo. Boa leitura para reflexão!
Marcelo Cherto
Seth Godin é autor de uma série de
livros bastante instigantes, para dizer o mínimo (A Vaca Roxa, Todo Marqueteiro
é Mentiroso, The Dip, Moo e vários outros). O cara está longe de ser
unanimidade. Tem gente que odeia e gente que adora. Eu me incluo entre seus
fãs. Seus escritos geralmente me fazem parar para pensar e me forçam a rever
algum conceito antigo. E eu adoro ser provocado a repensar minhas velhas
certezas. Mas conheço gente super competente e inteligente que não pode nem
ouvir o nome do sujeito sem ficar com urticária.
Recentemente, li (mais) um texto dele que me fez
parar para pensar. E que vou resumir aqui:
Godin sugere que, quando estiver pensando em como
consegu
Conteúdo, diz ele, é o conhecimento que você
domina. Inclui, por exemplo, as pessoas que você conhece (e que podem, de
alguma forma, ser úteis para o desempenho das tarefas que lhe cabem) ou alguma
habilidade (ou um conjunto de habilidades) que você desenvolveu e que podem ser
importantes para o tal emprego ou projeto. Como, por exemplo, tocar piano, ou
saber fazer planilhas em Excel, ou falar Inglês, ou ser formado em Direito.
Conteúdo, segundo ele, é importante. Mas, em boa
parte dos casos, é algo que outra pessoa pode adquirir. É
"aprendível", como diz Godin.
Já Processo envolve sua inteligência
emocional relacionada, por exemplo, a gerir projetos, visualizar o que
é o sucesso de uma determinada atividade (ou de um conjunto de atividades),
persuadir outras pessoas a adotarem seu ponto de vista ou a fazerem (ou
deixarem de fazer) alguma coisa, lidar com múltiplas prioridades e assim por
diante.
Tudo isso tem um valor enorme e é muito difícil de
se aprender. E, infelizmente, é algo que muitos headhunters e
muitos gestores de RH ainda não aprenderam a valorizar. Em parte porque é algo
difícil de se identificar num currículo, ou num banco de dados.
Godin chama a atenção para o fato de que os caras
de Venture Capital e gestores de Fundos, nos EUA, gostam de contratar - para
tocar novos projetos - pessoas que já empreenderam uma, duas ou três vezes.
Mesmo que tenham quebrado a cara. Mesmo que tenham falido nas suas tentativas
anteriores. Porque esses caras costumam conhecer a fundo isso que ele chama da
Processo, não porque sabem montar planilhas em Excel ou apresentações em
Powerpoint.
Aliás, aqui ele toca num ponto que tenho discutido
muito com meu guru (e parceiro em vários projetos de consultoria) Clemente
Nobrega. Nem o Clemente nem eu conseguimos entender por que motivo, no Brasil,
se despreza tanto quem já fracassou, quem já quebrou a cara em algum negócio. O
fracasso pode ser o maior professor que alguém pode ter. Posso dizer, com
tranquilidade, que aprendi mais com meus erros (e com os erros de outros) do
que com meus acertos. Mas isso é papo para uma outra hora.
Godin finaliza seu texto dizendo que, num mundo
onde tudo muda cada vez mais rápido e os conhecimentos (Conteúdo) acumulados
perdem sua validade em prazos cada vez mais curtos, onde setores inteiros
nascem ou somem, encolhem ou crescem loucamente, da noite para o dia, dominar
isso que ela chama de Processo tem um valor incalculável.
E sugere que cada um precisa descobrir em que tipo
de Processo é campeão. E aí dar um jeito de ficar ainda melhor nele. E só então
se preocupar em aprender o Conteúdo, que quase sempre estará disponível na Internet
ou em livros (que você pode encomendar pela Internet).
Na visão dele, uma das razões pelas quais muita
gente talentosa resolve se tornar empreendedora, abrindo seu próprio negócio, é
poder exercitar sua habilidade em Processo num mundo que, muitas vezes, não
atribui valor a essa habilidade.
Marcelo Cherto é presidente do Grupo Cherto (Cherto Consultoria, Cherto Atco Educação Corporativa e Franchise Store), Conselheiro de diversas organizações (com e sem fins lucrativos) e membro da Academia Brasileira de Marketing.
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