sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Uma carreira não pode ser esquecida por causa de uma derrota!

Tempos atrás li em uma rede social uma postagem de um palestrante que dizia mais ou menos assim: "Você tem que ser sempre o primeiro, o segundo lugar não vale nada, o segundo lugar significa o primeiro dos perdedores, nunca se conforme com o segundo lugar, seja sempre o vencedor". Essas palavras vinham acompanhadas da foto do palestrante em ação em uma de suas palestras.

Assistir uma palestra motivacional com esse teor de agressividade pode surtir um efeito contrário ao que você vem buscando. Há uns malucos que os RH´s costumam contratar, para animar a equipe de vendas, que, aos berros, mandam o povo explodir a garganta gritando Rááááá ou tentam transformá-los em cães de guerra para assediar a clientada.

Nessa hora lembro o Renato Russo – Quem me dera ao menos uma vez o mais simples fosse visto como o mais importante!

O princípio do vencedor é um dos baluartes da sociedade americana e, tecnicamente, só vale quem ganha. Essa é uma das razões porque o futebol não faz muito sucesso por lá. O regulamento da FIFA destaca que pode ocorrer “empate”, portanto há jogos sem vencedores e isso não serve lá. Sempre tem que haver um ganhador.

Outro exemplo são os filmes de Hollywood. Os soldados americanos que perderam a guerra do Vietnã, na qual muitos morreram, não foram vistos com bons olhos e nem bem recebidos quando acabou a guerra. Bom exemplo é o primeiro filme da série Rambo e Franco Atirador (importante associar o ano em que os filmes foram feitos).

Logo após a crise financeira dos Estados Unidos, em 2008, que começou com a quebra do Banco Lehman Brothers, um articulista de lá escreveu um artigo abordando a influência dos gurus e dos livros de auto ajuda na quebradeira geral.

Pode ser que o cara viajou um pouco, mas tem seu fundamento. Dizia que, de tanto ouvir falar "Você pode", "Você tem competência", “Você tem que pensar como vencedor", "Você tem que sempre pensar grande", “Você merece" e por aí vai, muitos e muitos americanos partiram para a compra generalizada de imóveis e veículos. Hipotecava um e comprava outro e trocava de veículo como se fosse a compra de uma nova camisa. O final dessa estória você já sabe. Observo que em nosso país essa estória está apenas começando.

Concordo que é estimulante assistir palestras motivacionais de esportistas vencedores em suas áreas de atuação. A psicologia nos ensina que é comum a projeção da realização pessoal através do sucesso dos nossos ídolos. Porém, lembre-se que pode bastar apenas uma derrota, para que toda a construção de sua carreira de sucesso venha abaixo, não importando suas vitórias passadas. "Foi excelente em todos os jogos do campeonato, porém sofreu um gol no jogo decisivo". Muitas carreiras de bons goleiros terminam assim.

A agenda de palestras do técnico da seleção brasileira, que perdeu a copa da Alemanha, Parreira, ficou vazia e seu livro escrito alguns meses antes da Copa, “Como forjar uma equipe de Campeões”, encalhou nas livrarias.

Esportistas que faziam muitas palestras motivacionais tempos atrás, quando começaram a perder, deixaram os palcos.

Uma carreira não pode ser esquecida por causa de uma derrota, por causa de um segundo lugar ou por causa de uma promoção que não saiu. Vencedor é só um. Se sua empresa tem dez gerentes, são só dez gerentes. Se tem cinco diretores, são só cinco diretores. Continue feliz fazendo o que gosta e continue fazendo bem feito.

Procure não se iludir com palestras que apontam sempre para sonhos que não são seus ou, simplesmente, que não existem!

Carlos Alberto de Campos Salles
Consultor de Recursos Humanos
Independente
Remuneração - Gestão de Desempenho - Competências
(11) 99323 - 7923