Os gurus de gestão organizacional precisam de um guru – Revista Exame/11/2013
O pessoal de RH possui uma forte capacidade discursiva
aprendida em salas de aula ou pelas maratonas da carreira e vida corporativa.
Em tempos idos, praticamente todas as funções de responsabilidade da área de
Recursos Humanos eram desempenhadas por funcionários da própria empresa. Do
Serviço Social ao Recrutamento e Seleção. Da área de Treinamento e
Desenvolvimento à área de Cargos e Salários. Da área de Pessoal à área de
Higiene e Segurança do Trabalho e por aí vai. Todos nós tínhamos soluções para
todos os males da empresa. Se não tínhamos íamos buscar em literatura
disponível, empresas amigas ou na própria criatividade. Pesquisa de clima
organizacional, pesquisa de salários e benefícios, seleção de profissionais
para cargos complexos, programas específicos de treinamento ou novos
benefícios. Se uma pesquisa de clima indicasse uma solução imediata, a área ia
lá e propunha mudanças. Um determinado cargo apresentava remuneração
insuficiente em relação ao mercado, a área ia lá e acertava. Problemas com
segurança do trabalho? RH resolve!
A aura de Recursos Humanos brilhava como área integrada e
beneficiária de seus próprios ensinamento, discursos e orientações. Como deve
ser bom trabalhar sob a tutela dos gestores da área de RH poderiam pensar os
funcionários das outras áreas. Líderes bem resolvidos, promotores da integração
harmoniosa entre suas equipes, conselheiros nas horas difíceis e
desenvolvedores do bem estar. Afinal são eles que desenvolvem e pregam tudo
isso para toda empresa. Será?
Enquanto isso, nos bastidores de RH, acontecia o que
acontece em qualquer canto da empresa
Disputa pela preferência popular entre
os demais funcionários da empresa, ironias sobre ideias de outros colegas da
área, lamúrias sobre valores salariais, críticas sobre quem tem mais acesso
regular ao gerente maior de RH, proteção blindada sobre a caixa preta de cada
área, solicitação de programas de treinamento negado ou adiado, comentários
maldosos sobre programas e eventos corporativos e uma participação mínima
quando do amigo secreto em épocas de natal.
Hoje, com o passar dos anos, a área de RH foi pulverizada na
maioria das médias e grandes empresas e seus processos naturais ou foram
terceirizados ou, na necessidade, contrata-se uma consultoria especializada no
tema.
Competentes profissionais de RH tornaram-se consultores ou
abriram uma consultoria e vivem de sua capacidade técnica e rede de
relacionamentos. Especialistas em recrutamento e seleção, treinamento e
desenvolvimento, remuneração, desenvolvimento de líderes, recomendações de como
se portar diante do público interno e formar equipes harmoniosas e produtivas,
pesquisas de satisfação e como resolver problemas decorrentes e por aí vai.
Agora você pensa, “como deve ser bom trabalhar em uma
consultoria de RH com tantos profissionais criativos, solucionadores de
problemas e mediadores de conflitos”. Afinal, se resolvem e corrigem todos os
males do mundo corporativo, na própria casa não poderia ser diferente!
Pelas minhas andanças por aí, desde que me tornei consultor convivi
e/ou trabalhei com muitos consultores e consultorias de respeito. O que vi no
dia a dia, com certa regularidade, foram comportamentos contrários aos produtos
que vendem, ao lidar com suas equipes e/ou colegas de trabalho em um ou outro
projeto conjunto. Provavelmente, nas empresas de origem, agissem assim.
O
mercado de consultoria sempre foi cercado de segredos — algumas empresas até
hoje tratam seus clientes por codinomes mesmo em reuniões internas e não
utilizam cartões de apresentação para manter o sigilo.
Por que praticar a desconfiança, falta de diálogo, ausência de feedback, terrorismo interno, intolerância, imposição de comportamento? Tudo isso em nome da sobrevivência! Sobrevivência não é isso. Os gurus de gestão organizacional precisam de um guru – Revista Exame/11/2013.
Por que praticar a desconfiança, falta de diálogo, ausência de feedback, terrorismo interno, intolerância, imposição de comportamento? Tudo isso em nome da sobrevivência! Sobrevivência não é isso. Os gurus de gestão organizacional precisam de um guru – Revista Exame/11/2013.
Eu penso que a partir do momento que uma consultoria expõe em sua página, a relação de clientes, ninguém irá “roubar seus clientes” a menos que sua capacidade técnica se evapore. Dizia uma propaganda antiga dos caminhões da Mercedes Benz – Quem é bom já nasce diesel!”
Carlos Alberto de Campos Salles
Consultor de Recursos Humanos
Autônomo e Independente
Remuneração - Gestão de Desempenho - Competências
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