Artigo elaborado pelo Professor Carlos Alberto Maroueli
Você certamente já ouviu a expressão “morrer de trabalhar”, não é mesmo? Possivelmente até já a usou, uma vez ou outra, para demonstrar o quanto estava sobrecarregado de tarefas.
Porém uma outra expressão, também bastante corriqueira é: “o trabalho nunca matou ninguém”. Bem, isso lá é verdade, pois o trabalho, dentro de níveis moderados, executado dentro dos padrões de segurança e de forma que o corpo não sofra danos, não só não mata ninguém como também é um santo remédio que pode, inclusive, prolongar a vida da pessoa.
Qual das duas expressões então é a mais verdadeira? O que seria, exatamente, “morrer de trabalhar”?
Se é verdade que o trabalho, em si, não pode ser considerado a causa da morte de ninguém, também é verdade que muitas pessoas parecem viver apenas e tão somente no trabalho. Ou pelo trabalho.
Isto é o que acontece com os chamados “workaholic” - expressão em inglês que designa a pessoa “viciada” em trabalho, ou o indivíduo que tem uma necessidade compulsiva de trabalhar muito, por vezes em níveis que vão além de suas próprias forças - Um workaholic parece não ter vida própria. Pessoas assim tornam-se verdadeiros autômatos, ligados 24 horas por dia no trabalho.
Isso nos remete à pergunta que dá título a este artigo: existe vida após o expediente?
Sim! A vida continua e segue seu curso após o horário de trabalho. O problema é que muitos não se dão conta desse fato e fazem do trabalho a sua vida. Mas, e você, caro leitor, trabalha para viver, ou vive para trabalhar?
A resposta para essa pergunta pode ser o que diferencia um profissional de sucesso e realizado pessoalmente, do profissional frustrado, improdutivo, o ser humano cansado e abatido.
E se você acha que a figura do workaholic é rara e que o que mais se vê hoje em dia é indolência e preguiça, saiba que está redondamente enganado. Aliás, você mesmo pode estar se tornando um workaholic, sem perceber. Um dos sintomas é exatamente esse: o de achar que todo o resto do mundo é indolente e preguiçoso.
É claro que nem todos são “viciados” no trabalho. Muitos, na verdade, nem mesmo gostam do que fazem e só se sujeitam a uma sobrecarga em função de uma tal “necessidade”, seja ela financeira ou por exigências superiores.
O fato é que descanso e lazer são palavras que nem sempre fazem parte do vocabulário da maioria dos profissionais de hoje. Quando lhes perguntamos o que fazem após o término do expediente, as respostas invariavelmente são: hora extra, mais trabalho, etc.
Raramente ouvimos algo como: relaxo, me divirto, curto a família.
Eis aí um dilema do mundo corporativo, onde os profissionais se vêem pressionados a trabalhar mais e mais, muitas vezes tendo até mais de um emprego. E a pressão da qual falamos não é apenas dos patrões sobre seus empregados - aliás, são os patrões que costumam ter a carga horária mais dilatada - mas a pressão da competitividade acirrada, do cumprimento de metas e prazos apertados ou simplesmente das necessidades materiais, coisas que impelem os profissionais na busca da maior produção, nem que para isso seja necessário dilatar a jornada até o período noturno.
No fundo, não importa se o profissional se submete a esta sobrecarga de trabalho voluntariamente ou por força das circunstâncias. Seja qual for o motivo dessa dilatação, o fato é que ela acaba surtindo efeitos bastante negativos ao longo do tempo. Cansaço, fadiga e o famoso stress são efeitos colaterais de uma rotina que escraviza os profissionais, muitas vezes por sua própria iniciativa.
Claro que não pregamos contra o esforço, o empenho, a dedicação à função. Pelo contrário. Afinal, o trabalho é necessário ao homem, não apenas para seu crescimento material, mas, sobretudo, à sua evolução como ser humano. O que não pode haver é o exagero.
E exagero é levar serviço para casa, cumprir dupla jornada, trabalhar nos finais de semana, não gozar férias, viver grudado no celular resolvendo assuntos profissionais fora do expediente ou ter como rotina dedicar ao trabalho por mais de 10 horas diárias.
Se você se identificou em alguma das situações acima, é hora de rever alguns conceitos. Em primeiro lugar, lembre-se que seu tempo é precioso e que oito horas trabalhando com prazer e energia, produzem muito mais do que dezesseis horas trabalhando estressado e cansado.
Como disse o Prof. Luiz Marins em uma de suas palestras “Ganhar tempo é o nome do jogo e tempo ganho é o tempo dedicado à família, ao crescimento profissional, aos verdadeiros amigos, ao lazer criativo que nos renova... ao aperfeiçoamento pessoal, à análise dos nossos pontos fracos e fortes e ao reforço de nossos identificadores positivos... Tempo ganho é quando fazemos alguma coisa que nos faz sentir hoje melhores do que ontem”.
Marins tem razão, pois de nada adianta aumentar o tempo trabalhado se isso não refletir em qualidade, sobretudo qualidade de vida, especialmente em seus aspectos pessoais, emocionais e espirituais.
Fazer horas extras de vez em quando ou até virar uma noite para terminar um trabalho urgente não é pecado, pelo contrário, é até louvável e demonstra a dedicação do profissional. O que não pode acontecer é fazer disso um hábito ou um estilo de vida. Ao deixar o trabalho, esqueça-o!
Vá para casa, curta a família, reveja os amigos, leia um bom livro, pratique um esporte ou, se quiser mesmo trabalhar, dedique-se a uma atividade humanitária ou de voluntariado. Cuide um pouco mais de si mesmo enquanto pessoa. O profissional que existe dentro de você certamente irá se beneficiar muito mais com isso.
Jamais se esqueça da regra básica: Você deve viver do trabalho e não para o trabalho.
Portanto, depois do expediente, viva! Uma boa sugestão para relaxar e também refletir sobre este assunto é assistir um bom filme. Assim, indico o filme Click, com Adam Sandler
Por: Prof. Carlos Alberto Maroueli
Excelente artigo!
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