terça-feira, 15 de junho de 2010

Marketing Pessoal - Primeira Parte

Observa-se, de forma ostensiva, a proliferação de novos conceitos, fórmulas e cartilhas, que indicam como os profissionais devem se portar em um mercado em constante mudança, propondo a sua sobrevivência nesse ambiente competitivo.

Muitos destes se baseiam em informações de ordem científica, mensurados, de alguma forma, junto à sociedade, outros, porém, levam em consideração a vivência de um determinado indivíduo, proporcionando um estudo empírico do assunto. Nota-se também que a sociedade está se voltando a questões teológicas e ligadas à
espiritualidade. Isso ocorre devido às mudanças que estão ocorrendo no ambiente mundial. Ela ocasionam uma visão de futuro incerta, colocando em xeque uma base social sustentável. Essas incertezas fazem com que exista uma procura, muitas vezes, por explicações voltadas a assuntos de ordem substantiva, deixando de lado as respostas econômicas, políticas e sociais em segundo plano. Dentro desse cenário, busca-se um ícone que possa transmitir inspiração e exemplifique para atitudes pessoais frente a esse ambiente de incertezas que
cercam a humanidade.

Por outro lado, o profissional tem uma necessidade emergente em buscar diferenciação no mercado para sua sobrevivência, Davidson (1998) indica que ter uma vantagem competitiva não é somente uma boa idéia, mas sim uma necessidade, e marketing pessoal é parte essencial desse esforço. Diversos fatos contemporâneos indicam a necessidade das pessoas buscarem uma base sustentável para sua segurança e crescimento pessoal e profissional. Muitas alternativas são encontradas, como treinamentos, livros de auto-ajuda e até mesmo, de forma crescente, a busca da espiritualidade do indivíduo como sustentação a essa pressão exercida pelas turbulências atuais. O foco da mudança comportamental está baseado no indivíduo, nas suas ações e atitudes. Muitas soluções são focadas com base cientifica, após mensuração junto à sociedade, outras são empíricas, o que revelam situações das mais diversas possíveis. Tem-se indicação de procedimentos pessoais de grandes políticos, autoridades, executivos e personalidades do passado, citando os seus erros e acertos, promovendo na mente daquele que recebe tais informações, uma
contextualização imediata das ações descritas em suas necessidades pessoais.

O marketing pode ser aplicado em diversas áreas de atuação, como, por exemplo, em produtos e serviços destinados à sociedade, em experiências, em que o consumidor é levado a obter uma sensação diferenciada do seu dia-a-dia, como um passeio pela Walt Disney World, ou saborear um sanduíche na lanchonete
temática Hard Rock Café. Não apenas nisso, mas também em eventos especiais, como a Copa de Mundo de futebol ou nas Olimpíadas, em lugares, como cidades, estados e países que divulgam suas belezas naturais e suas atrações, atraindo visitantes do mundo inteiro. As organizações que buscam inserir uma boa imagem de sua marca na mente dos consumidores também utilizam o marketing como uma de suas ferramentas, são idéias básicas das ofertas existentes, como, por exemplo, da igreja, que oferece a idéia da salvação. Mas o marketing também tem a tarefa de gerenciar suas ferramentas para as pessoas. A maioria das ferramentas de marketing existentes são aplicáveis às pessoas e sugerem estratégias profissionais para se obter sucesso. Desse modo, observa-se a importância do estudo dos conceitos básicos de marketing para uma análise mais profunda do que vem a ser o marketing pessoal.

Para chegar ao conceito de marketing pessoal é necessário primeiro entender o que é marketing e como se pode adaptá-lo a uma pessoa. Segundo Ray Corey (1991), "o marketing consiste em todas as atividades pelas quais uma empresa se adapta a seu ambiente, de forma criativa e rentável". Quando se coloca a empresa como uma pessoa, esta também deve se adaptar ao ambiente de mercado que oferece oportunidades e ameaças diariamente e, mesmo frente a diversos fatores, o indivíduo deve obter resultado para com ele e para terceiros, sejam estes pessoas ou organizações. Ampliando o conceito de marketing, conforme Druker (1998), "o marketing é tão básico que não pode ser considerado uma função separada. É o negócio, como um todo, visto do ponto-de-vista de seu resultado final, isto é, do ponto de vista do consumidor... O sucesso da empresa não é determinado pelo produtor, mas pelo consumidor". Mais uma vez, colocando a pessoa como produto principal, observa-se que o indivíduo não pode se posicionar como um elemento isolado, mas sim como benefícios que traz para a sociedade consumidora do seu trabalho e idéias. Druker é pontual em afirmar que, para se determinar o sucesso de nossas ações, é necessário olhar a satisfação de quem compra o produto. No caso do marketing pessoal, quem se relaciona e usa dos serviços prestados por determinada pessoa. Dentro dos conceitos apresentados de marketing, o mais completo é descrito por Kotler (1997) que descreve que "Marketing é um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação, oferta e troca de produtos de valor com outros". Observa-se que as interações do marketing são, efetivamente, realizadas com a sociedade e o marketing pessoal não foge desse conceito, pois, se alguém busca resultados, estes chegarão por meio de um benefício realizado a um terceiro.

O processo de troca citado por Kotler indica que todo indivíduo que deseje praticar o marketing deve satisfazer as necessidades e desejos das pessoas ou grupos com os quais tem relacionamento. Diferente de uma organização que oferece produto, uma pessoa pode oferecer a terceiros a amizade, confiabilidade, liderança, amor,educação, entre uma diversidade de outros benefícios pessoais que se pode oferecer ao próximo. Finalizando o conceito, o processo de troca apenas se torna legítimo quando ambas as partes obtêm satisfação na troca. Dessa forma, toda ação para com outro indivíduo em que alguém se sinta prejudicado em algum quesito, inviabiliza o conceito de marketing entre as entidades envolvidas.

O marketing pessoal é válido, não apenas quando aquele que o pratica consegue obter seus objetivos, mas sim quando as pessoas e grupos com os quais se relaciona obtiveram satisfação também. Las Casas (1997) também sugere que o "Marketing é a área de conhecimento que engloba todas as atividades concernentes às relações de troca, orientadas para a satisfação dos desejos e necessidades dos consumidores, visando alcançar determinados objetivos de empresas ou indivíduos e considerando sempre o meio ambiente de atuação e o impacto que essas relações causam no bem-estar da sociedade". Esse conceito complementa os demais, mostrando o impacto que o marketing tem frente ao bem-estar da sociedade, não apenas colocando em questão a satisfação de quem compra ou vende determinado produto, ida ou pessoa.

Todo indivíduo possui necessidade e desejos. Segundo Kotler (1997), "A necessidade humana é um estado de privação de alguma satisfação básica", como a necessidade de alimentação, saúde, transporte, educação e amor. Kotler (1997) define que "Os desejos são carências por satisfações específicas para atender estas
necessidades mais profundas". As necessidades são inerentes a todos os humanos, pois estes possuem a necessidade de alimentação. Mas eles diferem em seus desejos, cujas preferências são heterogêneas. O marketing pessoal indica que se deve entender os desejos dos indivíduos para que se possa oferecer com excelência a necessidade a ser suprida por determinado indivíduo, seja ela educação, salvação, amor, entre outras.

Quando se pratica o marketing pessoal, as ações são direcionadas para uma determinada demanda, que é definida por Kotler (1997) como "pessoas com desejos por produtos específicos que são respaldados pela habilidade e disposição de comprá-los". Todo esforço pessoal na divulgação das suas características deve ser focado em uma determinada demanda, provocando nela valor e satisfação. O valor percebido por um cliente não é considerado apenas pelo custo financeiro na aquisição de um determinado produto ou serviço, mas sim na razão entre o que o cliente recebe e o que ele dá. Nesse caso, o cliente recebe benefícios e assume custos.

Quem pratica marketing pessoal deve focalizar suas características de tal forma, que gere valor a outrem. Quando se estipula um processo de troca em que o valor percebido pelo cliente for maior ou menor que o custo da sua aquisição, isso gerará a satisfação dos clientes, ou daqueles que compram a idéia ou imagem de uma pessoa. Kotler (1997) define satisfação como "o sentimento de prazer ou de desapontamento resultante da comparação do desempenho esperado pelo produto (ou resultado) em relação às
expectativas da pessoa". Mais uma vez, fica evidente que, para se conseguir um processo de troca em que se obtenha satisfação, é necessário conhecer profundamente os desejos das pessoas. O marketing pessoal não se faz apenas por um processo unilateral, pois, para se obter reconhecimento, uma pessoa precisa interagir com o meio e o conceito de troca, segundo Kotler (1997), existe quando:

Há pelo menos duas partes envolvidas.
Cada parte tem algo que pode ser de valor para a outra.
Cada parte tem capacidade de comunicação e entrega.
Cada parte é livre para aceitar ou rejeitar a oferta.
Cada parte acredita estar em condições de lidar com outra.

Em todos as evidências de troca, sugere-se interação entre pessoas, indicando que marketing pessoal é um processo de interação de pessoas que buscam agregar valor à sua marca pessoal, oferecendo benefícios aos demais participantes do seu relacionamento.
Fonte: Extrato de dissertação apresentada por Marcelo Ivanir Peruzzo para obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção - Universidade Federal de Santa Catarina

Leia a 2ª Parte - Conclusão

2 comentários:

  1. olá.. achei muito interessante os assuntos abordados pelo blog.. eu também tenho um blog sobre recursos humanos. gostaria muito de receber a sua visita/ www.blogdomarcoswillian.blogspot.com..
    ja estou seguindo esse blog..

    parabéns...

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