A implantação da indústria automobilística e demais multinacionais que se instalaram no Brasil nos anos 60, começou a promover a transformação da área comumente chamada de “Departamento de Pessoal”, o popular DP, em área de Relações Industriais. Falando um pouco de “DP”, o nome ainda é tão enraizado em nossos costumes, que ainda hoje encontramos organogramas que não constam o nível organizacional “departamento”, mas está lá o tal de Departamento Pessoal. Àquela época, todos os formulários e manuais trazidos para a terra brasilis foram traduzidos e implantados literalmente, sem nenhuma adaptação necessária às nossas crenças, valores e costumes. Empresas comerciais, hospitais e bancos trataram logo de implantar a sua área de relações industriais.
Com o passar dos anos, ao invés de relações industriais surgiu a nomenclatura genérica que sobrevive até os dias de hoje, mesmo com as novas idéias de transformar recursos em talentos humanos e afins. O fato é que recursos humanos ou não, a área é servidora. Prestadora de serviços por excelência. Porém, os gestores podem atuar como RH Servidor ou RH Niemeyer.
O RH Servidor costuma se antecipar aos problemas e resolvê-los de forma prática e imediata, atuar com desenvoltura na mediação de conflitos e praticar o diálogo de igual para igual com todos os níveis da Empresa. O RH Servidor formula e constrói cenários para um ambiente favorável que estimule o relacionamento, a troca de experiências, a disposição para o desenvolvimento pessoal e a potencialização das competências individuais e coletivas. É promoteur e ombudsman ao mesmo tempo. É animador de ambientes, headhunter interno, desenvolvedor de e das pessoas, parceiro estratégico, agente de mudanças, inovador, contestador e facilitador! Sempre procura buscar o equilíbrio satisfatório na relação capital e trabalho.
Já o RH Niemeyer, costuma não interagir com seu entorno. Assim como as obras do arquiteto. Está lá para ser admirado. Costuma ficar muito tempo em sua sala, isolado em seu ambiente, sempre atualizando seu currículo tecnocrático e seu blogger pessoal. Sabe tudo.
A turma de Rh adora se filiar ou fundar grupos fechados para reuniões, avaliação de tendências e discussão de novas técnicas e metodologias investigativas. Tudo no mais alto grau de compromisso e conhecimento acadêmico e profissional. Findo o encontro do mês, poucos se aprofundam nas idéias firmadas e nos desafios lançados nos debates. O RH Servidor analisa as idéias, busca palavras chaves, exercita o pensamento e viabiliza o que pode ser discutido na empresa e/ou no projeto em que atua. O RH Niemeyer parte do princípio que na empresa em que atua, as mudanças nem sempre são bem vindas e por isso diz a si mesmo, “um dia, quem sabe, farei a releitura!”.
Considerando os tempos atuais, onde prevalecem baixos orçamentos para as áreas de apoio e serviços, o RH Servidor sabe o que precisa ficar “na fila” e o que pode e precisa ser desenvolvido de imediato. Como costuma andar carregado de boas idéias, sabe exatamente como preservá-las e tratá-las somente no momento certo. O RH Niemeyer tende a queimar boas idéias, ao insistir em levá-las adiante, sem exercícios de consistência e validação, mesmo em momentos de contenção. É tão ansioso em demonstrar sua sabedoria que lembra aquele técnico de segurança do trabalho, que encheu o canteiro de obras de bandeiras de papel colorido para medir e indicar áreas de risco potencial. Na primeira chuva foi-se sua boa idéia.
O RH Niemeyer quando está à frente do computador, costuma fuçar os sites de relacionamento e os de grupos de trabalho. No primeiro pedido feito por um usuário qualquer, mesmo sem precisar ou saber direito o que é que está sendo solicitado, já entra com a frase mais popular nos dias de hoje “Dá para enviar para mim também!”. O RH Servidor só solicita alguma ajuda em sites de relacionamento e/ou de grupos de trabalho quando, de fato, suas fontes de pesquisa não conseguiram sanar suas dúvidas.
Lembro que em gestão de pessoas não há limites, só possibilidades. Você ainda prefere ser um “RH Recebedor”? Seja sempre um “RH Ligador”!
Carlos Alberto de Campos Salles
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