Dizem que nos anos 221 a 265, a dinastia Wei instituiu a
figura do "julgador imperial". Seu papel era avaliar a atuação da
família imperial, levar o produto de seu julgamento ao imperador, que, por sua
vez, o utilizava para tomar decisões relativas à família e ao seu império.
Referências históricas costumam ilustrar artigos e seminários de Gestão de
Pessoas e o interesse pela avaliação do desempenho humano ao longo da história.
Avaliações estão sempre ocorrendo, de forma natural e constante, no dia-a-dia das
pessoas, dentro e fora das organizações.
Em 1971, um consultor americano chamado Laurence J. Peter,
escreveu um livro intitulado no original “The Peter Principle”. Editado no
Brasil, recebeu o nome “Todo mundo é incompetente, inclusive você”. O princípio
de Peter apregoa que as pessoas são promovidas por serem competentes naquilo
que fazem. Quando começam a demonstrar alguma incompetência no nível que
chegaram, param de ser promovidas. Todo ser humano é competente até um
determinado nível, mas quando o atinge, quer passar ao nível seguinte. E aí, fatalmente,
torna-se incompetente. Essa situação é uma lei natural da vida, não uma
catástrofe! Todos nós temos nossos limites. Saber utilizá-los a nosso favor é o
que conta.
Muito se fala na questão da empregabilidade. Como
manter-se competitivo num mercado onde todos querem manter-se competitivo.
Segundo o Consultor de Recursos Humanos, José Augusto Minarelli, a
empregabilidade é formada por seis pilares: adequação vocacional, competência
profissional, idoneidade, saúde física e mental, ter uma reserva financeira e
fontes alternativas e networking.
Algumas décadas atrás, um dos quesitos de uma carreira bem
sucedida, centrava a dedicação, a lealdade e a paciência para percorrer, degrau
a degrau, a hierarquia da empresa. Em troca aconteciam estórias do office boy
que virou presidente. O perfil básico do profissional era moldado pela
experiência (principal referência de êxito), pela acomodação, pela dependência,
pelo carreirismo, pela resistência às mudanças, o salário determinado pela
empresa e a aquisição de conhecimentos vinha da vontade pessoal.
Por volta dos anos 80, indivíduos e empresas começaram a
abandonar a idéia dos chamados “edifícios para sempre”. O perfil básico do
profissional passou a ser moldado pelo grau de escolaridade (agora principal referência
de êxito), pela confiança, pelo “ser” político, pela criatividade, pelo ajuste
às mudanças, pela competitividade, o salário negociado com a empresa e a
aquisição de conhecimentos baseada na teoria acadêmica.
O conceito “você é o dono da sua carreira”, começou a ganhar
consistência a partir do processo da globalização e da corrida em busca de
competências. Sustenta a contratação de colaboradores com alto potencial de
êxito, assegura que estes colaboradores recebam o monitoramento necessário para
desenvolver este potencial, define um sistema de avaliação para fornecer a
retroalimentação necessária para alcançar um desenvolvimento excelente e
permite focar nos conhecimentos, habilidades e atitudes que os colaboradores
necessitam para alcançar os objetivos da empresa.
O perfil básico do colaborador tem que ser moldado pelo
relacionamento com sua equipe (agora principal referência de êxito), quer como
líder, quer como integrante, pelos estudos, pela visão global das coisas, pela
postura nos processos de mudanças, pela capacidade de facilitador, o salário é
conquistado pelo resultado de seu trabalho e de sua equipe e a aquisição de
conhecimentos é fruto de aprendizado contínuo.
Nesse novo contexto, aos seis pilares da empregabilidade
citados, podemos acrescentar mais quatro: capacidade de influenciar pessoas,
facilidade para promover mudanças, contínua capacidade e vontade de aprender a
reaprender e flexibilidade intercultural. A sabedoria consiste em conseguir
transformar e trabalhar os dez pilares em seu benefício. Colocá-los a seu
serviço. Isso se chama Talento!
Além de estar sempre focado e atualizado naquilo que se sabe
fazer e acontecer, é muito importante buscar sempre informações de cultura
geral (lembre-se do pilar flexibilidade intercultural). Estar em dia sobre
conhecimentos gerais do mundo da política, economia, literatura, esportes torna
a sua presença e conversa mais interessante aos ouvidos de todos.
Também lá pelos anos 70, surgiu outro livro muito
interessante, do Consultor americano Martin Smith. O título dado em português
foi “Eu odeio ver um gerente chorar”. Uma vez atingido o nível máximo de
competência, ou até antes, surge sempre o gerente babão. Adora reclamar de
todos e de tudo, principalmente aos ouvidos de RH. Lamúrias de dificuldades no
trabalho, que não é reconhecido, que não lhe dão a devida atenção, fatores
“estranhos” dificultam seu trabalho, eu bem que falei isso, eu bem que falei
aquilo e por aí vai. Procure ficar longe desses aí! Sua motivação pode ser
abalada ou apagada por gestores medíocres. Você tem a obrigação e o poder de
manter sua motivação em alta e bem acesa. Lembre-se, não existem mais edifícios
para sempre.
Voltando ao Princípio de Peter, qual o problema se você
chegou ao seu nível de competência, se você tem paixão pelo que faz? Ao se
sentir sentado no último degrau da sua escada profissional e não tiver mais
paixão pelo que faz, não haverá livro de auto ajuda que lhe dê mais um degrau.
Muitas pessoas buscam sonhos que não são seus!
Carlos Alberto de Campos Salles
Consultor de Recursos Humanos
Remuneração, Desempenho e Competências
carh.consultoria@gmail.com
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