quarta-feira, 31 de março de 2010

Tratando os macaquinhos! - Parte I

Trata-se de um artigo bem antigo mas ao mesmo tempo atual sobre Administração do Tempo. Fonte/Adaptação: Biblioteca Harward de Administração de Empresas

Numa bela manhã de segunda feira, o Sr. Oscar, Gerente de Recursos Humanos de conceituada metalúrgica, atravessa corredor em direção à sua sala. Um de seus subordinados, Manoel, Chefe de Remuneração, vem vindo em sentido contrário. Quando os dois se cruzam, Manoel cumprimenta amavelmente dizendo: "Bom dia chefe! a propósito, temos um pequeno problema. Sabe como é, o novo projeto de remuneração variável da fábrica,..."

À medida que o Manoel vai falando, o Sr. Oscar descobre nesse problema, os mesmos dois aspectos fundamentais que caracterizam todas as questões que seus subordinados graciosamente lhe trazem à atenção: Já sabe de sobra o que acontece para compreender a situação, mas,..., não sabe o suficiente para tomar uma decisão ali mesmo, o que seria a atitude esperada dele.

Após algum tempo, o Sr. Oscar diz: "Foi bom você ter trazido isso ao meu conhecimento. Só que estou com muita pressa no momento. Deixe-me pensar um pouco no assunto e eu o aviso em seguida". Cada qual segue o seu rumo.

O que acaba de ocorrer?

Antes dos dois se encontrarem, com quem estava o "macaquinho"? Com o Manoel, é claro. Mas depois que os dois se separam com quem ficou? Com o Sr. Oscar.

Portanto, o "tempo imposto pelo Manoel" começa no momento em que o "macaquinho" consegue pular de suas costas para as costas do seu gerente, Sr. Oscar. E o pior é que não termina enquanto o "macaco" não voltar ao seu dono para ser tratado e devidamente alimentado.

Ao aceitar o "macaco" nas costas, o Sr. Oscar, voluntariamente, assume a posição de subordinado do seu subordinado. Ou seja, ele permite que Manoel o faça de seu próprio subordinado ao realizar duas coisas que um subordinado geralmente deve fazer para seu gerente - tirou a responsabilidade das costas de seu subordinado e prometeu-lhe que faria um relatório sobre as providências cabíveis.

Manoel, para certificar-se de que o Sr. Oscar não deixou de compreender tudo direitinho, em breve dará um pulo à sua sala e cordialmente lhe indagará:

"Então, como vai a coisa, chefe?"

Ao encerrar uma reunião de rotina com outro subordinado, Marli, Chefe de Treinamento e Desenvolvimento, o Sr. Oscar lhe diz: "Ótimo. Mande-me um memorando sobre isso aí".

Vamos analisar este caso. O "macaco" está nesse dado momento nas costas da Marli porque a próxima providência é dela. Porém, o ágil "macaquinho" já está preparando o pulo,.., olhe só que danado! Marli, obediente, elabora o memorando e o coloca na sua caixa de saída. Pouco tempo depois, o Sr. Oscar o retira de sua caixa de entrada e o lê com atenção. De quem é a vez agora? Do Sr. Oscar é claro! Se ele não tomar uma providência logo mais, receberá outro "memo" da Marli, cobrando a coisa.

Em outra reunião, desta vez com o Adhemar, chefe de Administração de Pessoal, o Sr. Oscar concorda em fornecer-lhe todo apoio no projeto de implantação de controle de ponto biométrico que acaba de solicitar. As palavras finais ao Adhemar são: "Avise-me de que forma posso ajudá-lo nisso, está bem?"

Neste caso, o "macaquinho" inicialmente encontra-se nas costas do Adhemar. Mas, por quanto tempo? O Adhemar entende perfeitamente que não pode desenvolver o projeto até que a sua proposta receba a aprovação do Sr. Oscar. E, por experiência própria, também sabe que sua proposta com certeza ficará arquivada por várias semanas, aguardando que o bom e velho Oscar, com tempo, chegue até lá. Quem é que realmente está com o "macaquinho", então? Quem estará cobrando de quem?

Outro subordinado, Otávio, acaba de ser transferido da Assessoria de Imprensa, para administrar o recém criado projeto de endomarketing. O Sr. Oscar diz que deveriam reunir-se logo mais, para estabelecer uma série de objetivos para o projeto, e que "farei um esboço inicial para discutirmos então a questão".

Otávio assume o novo cargo e o novo projeto, só que a providência seguinte cabe ao Sr. Oscar. Enquanto ele não a tomar, estará com o "macaquinho" nas costas e o Otávio de braços cruzados...

Mas porque as coisas são assim? Porque em cada um dos casos, o Sr. Oscar e seus subordinados não entendem que o tema em questão é um problema conjunto. O "macaco" em cada caso começa montado nas costas de ambos. Tudo o que tem a fazer agora é mexer a perna errada e - pronto! - os subordinados habilmente tiram o corpo fora. Afinal, quem trabalha para quem? O Sr. Oscar gasta o "tempo imposto por seus subordinados", jogando pra lá e pra cá com suas "prioridades".

Já estamos na sexta feira e na hora da cerveja. O Sr. Oscar encontra-se em sua sala, com a porta fechada para poder ter o necessário sossego e poder pensar na situação, enquanto seus subordinados aguardam, do outro lado, por uma última chance de lembrar-lhe das “coisas”. Imaginem só o que estão dizendo, um ao outro, enquanto esperam para dar aquela palavrinha com o Sr. Oscar: "Que chateação..., o homem não é capaz de tomar uma decisão..., como é que alguém consegue chegar àquela posição na empresa sem capacidade de decidir coisa alguma. É o que ninguém entende...,"

A razão pela qual o Sr. Oscar não pode tomar nenhuma das "providências seguintes" é que o seu tempo está quase inteiramente tomado com o atendimento das exigências da Diretoria ou da própria empresa. Para poder controlar tais exigências, ele precisa de tempo discricionário que, por sua vez, lhe é negado quando está às voltas com todos esses "macaquinhos".

O Sr. Oscar chama Dalva, a secretária, pelo interfone e a instrui a dizer a seus subordinados que não poderá vê-los até segunda-feira pela manhã. Às 8 horas da noite ele vai para casa, com o firme propósito de voltar ao escritório no dia seguinte e passar o fim de semana trabalhando.

Retorna ao escritório bem disposto na manhã de sábado apenas para ver, no campinho de futebol que fica do outro lado da rua e que pode ser visto da janela de seu escritório, adivinhe quem batendo uma bolinha e tomando umas cervejas? Manoel, Adhemar e Otávio organizaram uma equipe de futebol e disputavam o torneio interno. Marli e outras funcionárias compunham a platéia de torcedores.

Era só o que faltava! Agora o Sr. Oscar ficou sabendo quem realmente trabalha para quem. Entende que, se conseguir realizar neste fim de semana tudo aquilo que veio decidido a fazer, a moral de seus subordinados se elevará tanto que eles aumentarão o número de "macaquinhos". Então ele deixa o escritório com a pressa de quem vai tirar o pai da forca. O que pretende? Envolver-se de corpo e alma em algo que há muitos anos não tem tido tempo de fazer: passar um fim de semana inteirinho com a família.

Na noite de domingo ele assiste ao "Fantástico", sem culpa, e permite-se aproveitar 8 horas de sono tranqüilo e imperturbável, porque já tem planos bem definidos para segunda-feira. Resolveu livrar-se do "tempo imposto por seus subordinados". Em troca, vai conseguir o equivalente em "tempo discricionário", parte do qual passará com seus subordinados para que estes aprendam a difícil, porém compensadora, arte de "Como Cuidar de Macacos".

Oscar também terá bastante tempo discricionário à sua disposição para controlar o cronograma e o tempo que lhe é exigido pela empresa. Tudo isso poderá levar vários meses, porém, quando comparado com a maneira como as coisas iam antes, as compensações são enormes. O seu objetivo final é o de gerir seu próprio tempo administrativo.




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