Quando uma empresa, ao lhe entrevistar para um novo
emprego, lhe propor começar a trabalhar em um processo de Job Rotation, o que
você vai achar? Alguns não têm idéia do que seja isso, outros acham muito
interessante poder conhecer diversos departamentos e seus processos outros,
ainda ficam com receio por medo das novidades ou surpresas desagradáveis que o
processo possa trazer ao longo do tempo.
O interessante é saber que Job Rotation pode ser
encarado de formas distintas, algumas louváveis por quem já vivenciou a
situação, outras criticadas veementemente. No entanto, é importante destacar
que essas duas palavrinhas vem sendo usadas indiscriminadamente, e por vezes,
denominando um processo que nada tem a ver com a essência do termo.
O Job Rotation, ou rotação de emprego, é quando
um profissional precisa passar por diversas áreas de uma empresa, para conhecer
todos os processos e funcionalidades, por um determinado período de tempo. Como
um novo funcionário que entra na empresa e fica um período no RH, depois
no financeiro, marketing, comercial, lançamento de produtos, ...
Esse processo pode ser realizado por
funcionários que ocupem os mais diversos cargos nas organizações – inclusive
entre grandes executivos - mas, atualmente, está sendo utilizado em larga
escala nos processos de estágio ou trainees – justamente para que o recém
formado possa perceber se a área em que se graduou é, realmente onde há a sua
maior identificação.
Desde os anos 70, a Gessy Lever (Unilever) já
propiciava aos recém formados um programa de Job Rotation com dois anos de
duração com passagens pelas diversas áreas da empresa. O processo de
seleção era disputadíssimo! À época, outras empresas nacionais e estrangeiras
também praticavam o "Job Rotation".
Para Fernando Palácios, sócio e autor do grupo
Story Tellers, uma editora que utiliza o Job Rotation internamente, este é um
processo válido e louvável, desde que realizado com planejamento.
“Para explicar minha opinião sobre a eficiência
do JR, proponho a seguinte comparação: numa situação de guerra, como a do
Vietnã, qual seria o comandante mais adequado para realizar uma campanha: o que
gosta de xadrez ou o que já lutou naquelas florestas contra aquele inimigo?”,
questiona.
Fernando acredita que o processo desenvolve
novos jeitos de pensar, porque o funcionário aprende os procedimentos pela
vivência e não pelo slide do power point. Além disso, ainda segundo ele, é
possível extrair melhores práticas, como uma espécie de benchmark pessoal.
“O Job Rotation é um processo metódico de
expulsão da zona de conforto: obriga a pensar diferente, aprender coisas novas
e olhar as antigas por outro ângulo. Além disso, quando já se vivenciou pontos
de estresse de uma atividade, fica mais fácil atuar em parceria ou, no mínimo,
evitar pontos de atritos desnecessários”, conclui.
Na empresa onde ele trabalha, um escritório que
cria obras de ficção, todos os colaboradores, que são autores, passam por
transições de área a cada projeto, podendo ser escolhidos, em determinado mês,
como líderes ou co-autores. “Este modelo foi adotado porque ajuda a combater o
que Karl Marx chamava de alienação, ou seja, não queremos aquela síndrome comum
do mercado de pessoas que são do ‘atendimento de tirador de pedidos’ ou o
‘criativo incompreendido’, queremos pessoas que pensem de forma generalista”,
conclui.
Além da modalidade estendida a todos os cargos
hierárquicos, há empresas que fazem, de forma paralela, o JR com os executivos
e colaboradores do alto escalão. É o caso da Perdigão, que recentemente enviou
o gerente corporativo de agropecuária e nutrição animal, para a diretoria
de operações no Mato Grosso e, em contrapartida, enviou o antigo diretor
regional, do Mato Grosso para o Sul do país.
Essas mudanças e trocas são constantes, e cada
empresa adota uma prática e estratégias diferentes. Na Philips o processo é
parecido. O Job Rotation é aplicado de maneira eficaz, mas apenas quando a
empresa detecta a necessidade de mudar de área um candidato que está
desmotivado – aliás, ele próprio pode mostrar interesse e requisitar a
participação num processo como este.
Outro lado da moeda
O processo de transição de área é válido
apenas onde abre a possibilidade do profissional se ‘encontrar’ e se
identificar com um setor dentro da empresa. Já quanto à mudança sem uma
conversa prévia com o funcionário, e sem o estudo de aspectos legais – como
compatibilidade de cargos, salários, sindicatos, entre outros - apenas com o
objetivo de conhecer outra área não é confiável.
Não se pode confundir Job Rotation com outras ferramentas.
Atualmente, tudo que se refere à mudança de status, tarefas, departamentos e
setores virou Job Rotation”!
Adaptação e Fonte: Catho
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentem, da discussão nasce a sabedoria!