"Escrevi esse artigo em 2015 de tão irritante que estava o momento político. Depois de dois anos começou a aparecer no blog como dos mais lidos da semana. O Grupo Governista da época, nas eleições de 2014, me vendeu um país que não existia e talvez nunca tenha existido pela rapidez como veio abaixo. Uma vez afirmei que a esquerda pertence aos poetas enquanto esquerda. Uma vez no poder, cria-se a corte e uma militância que vive das migalhas atiradas"
Tanto o Grupo Governista quanto o Grupo Não Governista são
alvos de ataques insanos nas redes sociais e na mídia. A imprensa anos atrás
era muito questionada porque não comentava as matérias, apenas as lia, ou
transmitia como queiram. Os artistas eram questionados porque não se engajavam
nas realidades sociais. Hoje a imprensa comenta e os artistas se engajam. Em
sua maioria maciça, os comentários contra esta ou aquela imprensa, contra este
ou aquele artista, quando se manifestam, são movidos por raiva, ódio e quase
intolerância. Não existe um “respeitar” a opinião do outro. Não pode. Você não
pode me questionar. Quem é você para me questionar?
O Grupo Governista que tinha o apoio de todas
as forças deste país em 2003 começou a perdê-la a partir de fevereiro
de 2005 quando demonstrou que era “mais do mesmo”. Até as últimas
eleições, a oposição se comportava no mesmo estilo do antigo MDB, ou seja,
oposição consentida. A criminalidade dos “pés de chinelo” aumentou
sensivelmente (matar por matar para garantir o crackinho), a corrupção que
sempre houve, porém discreta, mostrou caras e garras e o desrespeito à coisa
pública virou prática comum. Lembro que na campanha presidencial de 2010 a alta
mandatária eleita afirmava que iria combater com unhas e dentes o avanço do
consumo do crack.
Ninguém mais respeita a coisa
pública porque a coisa pública não respeita mais ninguém
Se sou petinha e apoio o Grupo Governista deve ser porque
tenho interesse pessoal, sou comissionado e sou massa de manobra. Se sou
coxinha e apoio o Grupo não Governista deve ser porque pertenço à elite branca
que quer a revogação dos benefícios sociais e a volta do Raimundo como um
simplório fazedor de “bicos” e não como profissional qualificado. Pasteurização
total como o amarelado artigo do Juca Kfouri. Se ele escreveu então é novidade.
Por elite branca entenda que são todos os contrários aos petinhas, não
importando a renda familiar, a cor e a religião. Até perdi um amigo de respeito
no Face porque contra argumentei uma opinião dele. Não soube ser democrático, só sabia ser admirado
A convocação para o dia 15 de março ganhou outra convocação
para o dia 13. Clima de decisão Flamengo e Fluminense, Palmeiras e Corinthians,
Cruzeiro e Atlético, Grêmio e Internacional ou Bahia e Vitória. Black blocs de
plantão e a serviço das duas convocações.
Penso que o que queremos é a ampla, total e irrestrita
moralização pública e política no país dos coxinhas e petinhas. Sem mentiras e
chantagens emocionais. O fim dos discursos governistas e não governistas
pasteurizados, repetitivos e muitas vezes sem o menor fundamento e um grande,
mas um grande abraço coletivo.
Em janeiro de 2003 o Brasil estava pronto para a grande e
suprema chegada ao futuro e o novo Grupo Governista tinha a faca e o queijo nas
mãos. Penso que vai demorar muito para termos o mesmo clima que tínhamos
naquele saudoso janeiro.
Os politburos instalados na América Latina tem o mesmo
estilão. Cesta básica ou quase básica para a militância. Os não militantes que
se “virem nos 30!”
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