Artigo editado pela revista Exame em boa hora para o início de uma reflexão sobre a "linguagem de RH" -
Tradicionalmente dominado por mulheres, o RH está
ficando cada vez mais masculino. São homens que já pedem para mudar de
carreira, atraídos pela crescente função estratégica e visibilidade que a área
adquiriu.
São Paulo - Foi em Paris, em julho de 2009, quando
estava expatriado havia mais de dois anos, que o engenheiro Ilder Camargo,
então diretor técnico de Stainless Europe da Aperam South America, recebeu o
convite para assumir a diretoria de RH para o Brasil e a América Latina.
A mudança foi uma surpresa para o executivo que
tinha trilhado toda a carreira em áreas operacionais. Dois anos e meio depois,
o mesmo tipo de convite foi feito a Luiz Thomé de Souza, outro executivo que só
tinha trabalhado em áreas de negócios ou corporativas até assumir o RH da empresa
aérea Gol.
No início de 2013, foi a vez de Paulo Miri, que
trocou a vice-presidência de suprimentos pela de RH na Whirlpool, fabricante de
eletrodomésticos.
Doze anos antes, José Ricardo Amaro, diretor de RH
da Unipar Carbocloro, do setor de cloro-soda e derivados, já tinha feito
movimento parecido. Ele acabara de trocar 17 anos de experiência em auditoria
por um cargo na área de pessoas da Brasil Telecom.
O movimento feito pelos quatro executivos tem
acontecido com cada vez mais frequência nas companhias. Geralmente, o topo da
empresa tem olhado para seus profissionais mais estratégicos e lançado a eles o
convite para assumir a área de gestão de pessoas.
A consequência curiosa dessa migração é que a área
de recursos humanos — tradicionalmente feminina — está sendo dominada pelos
homens. De acordo com a pesquisa Top Executive Compensation, feita com 322
empresas pela consultoria Hay Group, a concentração de mulheres no RH vem
diminuindo, especialmente quando consideramos o primeiro nível.
O estudo aponta que, em 2008, 21% das executivas
participantes da pesquisa ocupavam a diretoria de recursos humanos. Em 2013,
essa fatia caiu para apenas 14%. Sim, uma das explicações para esse fenômeno é
o fato de mais mulheres terem optado por carreiras em outras áreas da empresa.
Mas a principal razão da evasão feminina do RH é a
busca da própria companhia por profissionais de outros setores — já dominados
por homens — para assumir a gestão de pessoas. Segundo Daniela Simi, diretora
do Hay Group, há dez ou 15 anos o RH era muito mais feminino porque estavam lá
pessoas oriundas do curso de psicologia, historicamente escolhido mais pelas
mulheres. E isso mudou.
Se, antes, os psicólogos — como lembra Daniela —
eram os mais cotados para liderar a área, hoje os administradores de empresas —
e entram aí também os engenheiros — são os preferidos.
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