quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O que você faria no mundo de Dilbert!

Em 2007, a revista CartaCapital, edição 452, publicou uma matéria da jornalista Paula Pacheco com o título O Mundo de Dilbert!. O subtítulo foi:

Não há limites para o universo corporativo quando o assunto é recursos humanos. 
Muitas empresas atropelam o bom senso na relação com os funcionários.

Depois de ler essa reportagem, o filme “O Que Você Faria?” (El Método no original),  não me pareceu assim tão irreal. É preciso  equilíbrio e bom senso para avaliar e separar o joio do trigo, tanto da matéria da Paula Pacheco, quanto do filme O que você faria?

É sabido que o RH é cheio de truques quando se trata de processos seletivos e de programas de treinamento e desenvolvimento. Porém, a grande maioria acaba sendo saudável. Ensaios saudáveis! Claro que muitas vezes tudo fica de ponta de cabeça e confuso para os candidatos. Mas, lembre-se que em um processo seletivo nada é por acaso!

Nesse filme, sete candidatos a um cargo executivo em uma empresa multinacional localizada em Madrid, são fechados em um escritório e enfrentam diversos testes que irão determinar qual o mais apto. O processo decorrerá segundo o Método Gronholm, uma herança americana, como não podia deixar de ser. Enquanto isso, próximo ao local, desenrola-se uma manifestação anti-globalização contra os países mais ricos do mundo.

A tensão das ruas transporta-se para a sala, quando os candidatos são informados de que entre eles há um "cara" de RH infiltrado que irá observar os seus comportamentos e avaliá-los. Submetidos a um conjunto de provas surreais, os próprios candidatos, através dos seus comportamentos e escolhas, irão determinando quem fica e quem é eliminado do processo seletivo. Medindo os outros e cuidadosos com os seus próprios passos, são observados pela empresa que não se mostra.

O argumento desse filme, de Marcelo Piñeyro e Mateo Gil,  trabalha uma adaptação livre da peça teatral “El Método Gronholm”, de Jordi Galcerán. “El Método” fundamenta-se nos diálogos e nos conflitos que os candidatos vão construindo e estabelecedo entre si. Enquanto que na manifestação anti-globalização os  manifestantes lutam pelo que acham seus direitos e ideais, os candidatos são submetidos a provas que os tornam vítimas das suas próprias dúvidas, inseguranças e frustrações.

A impressão que se tem é que o filme quer demonstrar que a ética, o respeito entre as pessoas, está morta e enterrada. É justamente aí que "mora o perigo" ao querer entender o processo/filme munido de fortes emoções. O que é enaltecido e retratado são os bons modos, as gentilezas dissimuladas e o cinismo corporativo. Quando pressionadas, as pessoas/candidatos simplesmente atropelam o próximo de forma desenfreada e sem pudores e, ainda por cima, monitorados e incentivados pela empresa. É uma crítica perspicaz sobre a cultura corporativa que, de certo modo, acaba influenciando toda a sociedade.


Quem não se sentiu familiarizado com algumas das situações exibidas no filme?

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