Como exercício de releitura e reflexão, transcrevo abaixo trechos de uma matéria publicada na Revista Você S/A (a preferida dos profissionais de RH) em sua edição nº 88, de outubro de 2005.
Não são raros os casos de queixas contra o RH. O departamento é tido como lento, não consegue atender às demandas nem dos profissionais nem do presidente da empresa e, apesar de tudo o que já foi escrito sobre o tema, raramente é visto e reconhecido como uma área estratégica. No meio do caminho, tem falhado também como o responsável pelo treinamento e pela retenção das melhores cabeças de uma empresa - função que deveria ser a razão principal de sua existência.
Não são raros os casos de queixas contra o RH. O departamento é tido como lento, não consegue atender às demandas nem dos profissionais nem do presidente da empresa e, apesar de tudo o que já foi escrito sobre o tema, raramente é visto e reconhecido como uma área estratégica. No meio do caminho, tem falhado também como o responsável pelo treinamento e pela retenção das melhores cabeças de uma empresa - função que deveria ser a razão principal de sua existência.
E olha que essa história de RH
estratégico é antiga
Há pelo menos dez anos, o setor recebeu a
incumbência de ajudar os outros setores a atingir as metas da empresa. Era hora
de deixar de lado a burocracia na administração de pessoal para fomentar o
desenvolvimento dos talentos que garantiriam o futuro do negócio. Tudo isso em meio
a um cenário em que cada profissional deveria cuidar da própria carreira,
obviamente com suporte do RH para alinhar as expectativas tanto do talento
quanto da empresa. O operacional, como fazer folha de pagamentos e gerir o
plano de saúde corporativo, deveria ser terceirizado.
A ideia central seria a seguinte:
sobrar tempo para formular as estratégias de gestão de pessoas.
sobrar tempo para formular as estratégias de gestão de pessoas.
O novo jeito de pensar o RH foi estudado e
passado adiante em exaustão. Mas até hoje ainda não funciona direito na maioria
das companhias. Por quê?
Tudo começa com o tipo de profissional que se
encaminha para os departamentos de recursos humanos. Em geral, psicólogos,
assistentes sociais e pedagogos. São excelentes profissionais e sabem lidar com
pessoas como ninguém. O problema é que não foram treinados para entender de
negócios, não conhecem o setor em que sua empresa atua e muitas vezes nem sabem
o que a equipe de vendas precisa para vender mais.
O segundo problema é ainda mais profundo. Falta
a esses profissionais aquela força interior que empurra os executivos ao topo
da pirâmide. A ambição.
Em uma pesquisa realizada, nenhum, absolutamente
nenhum, viu a ambição como uma competência
E aí acontece algo que chega a ser hilário.
Quando a empresa vai recrutar um profissional, pede a ele para que seja
qualificado, tenha muita experiência na área, seja bastante ambicioso e cuide
da própria carreira. Na hora da entrevista, porém, nem sempre os RHs estão
preparados para fazer as perguntas certas que identifiquem que aquela pessoa é
de fato boa no que faz.
Sem formação em negócios e sem a ambição de
obtê-la, o setor de RH vive hoje o que se pode chamar de dilema: não é
estratégico, e portanto não atrai os melhores talentos, ou os melhores talentos
não escolhem trabalhar lá porque o RH não é estratégico. Vamos fazer um teste
rápido. Tente lembrar nomes de presidentes de empresas que fizeram carreira em
RH.
Você poderia imaginar, então, que os salários
baixos fechariam o círculo da falta de atratividade para profissionais
estratégicos irem trabalhar no RH. Acontece que a remuneração de quem trabalha
em recursos humanos é compatível com qualquer outro cargo do mesmo nível
hierárquico.
O problema poderia ser a falta de uma
metodologia capaz de mensurar os benefícios que um bom gerenciamento de pessoas
traz para as empresas. Mas é um erro acreditar que a boa gestão de talentos é
de difícil mensuração.
Há um paradoxo. As empresas sabem que as pessoas
são importantes, mas em sua maioria o RH não consegue transformar isso em
resultado. Nem o funcionário, seu
principal cliente, está satisfeito.
Se não é estratégico, se já se desvencilhou das
tarefas cotidianas, se o cliente interno está insatisfeito, para que serve o RH? E aqui cabe mais um questionamento. Qual é o poder do RH dentro das empresas?
Pouco ou praticamente nenhum, quando deveria ser exatamente o contrário. Em
muitas organizações, o RH é lembrado pela presidência basicamente numa
situação: quando precisa demitir para cortar custos. Em outras, é comum
encontrar a área de recursos humanos subordinada ao diretor financeiro ou
administrativo.
Para que esse cenário mude, é preciso apelar
para os próprios profissionais que trabalham no RH. A mudança tem de
acontecer de dentro para fora. Esse profissional precisa assumir o seu papel de liderança. A área
perdeu uma chance de fazer isso quando surgiu o conceito de RH estratégico e
passou a trabalhar mais diretamente com os gestores do negócio. O prejuízo para as empresas que não
têm um RH forte é grande.
Falta muita coisa para o RH ficar nos trinques.
Eis algumas falhas apontadas pela consultoria Hay Group:
Eis algumas falhas apontadas pela consultoria Hay Group:
1) Falta objetividade: a
área ainda não sabe lidar com o dia-a-dia e está mais preocupada em implantar
um novo benefício do que acompanhar o clima da organização.
2) Falta clareza: ainda
impera a cultura paternalista. Em vez de conhecer a real possibilidade de
crescimento das pessoas, o recursos humanos passa a mão na sua cabeça.
3) Falta assertividade ao dar
retorno: é mais fácil dizer para alguém as razões de sua promoção do
que explicar para outro o motivo de ele estar estagnado em um cargo.
4) Falta visão de longo prazo:
os RHs apagam incêndio, em vez de pensar como a empresa será daqui a dez anos.
Só não falta uma coisa. "Ferramenta de
trabalho". Testes de personalidade, coach, feedback,
avaliação de performance... Nos últimos anos, surgiu um sem-número de maneiras
para ajudar o RH a balizar seu trabalho. Também não faltam jornais internos,
festas de Natal, flores para as mulheres no Dia das Mães e outras atividades
menores quando se pensa no papel estratégico que o RH deveria estar
desempenhando. Tudo perfumaria, perto de um plano estruturado de
desenvolvimento de pessoas ou de remuneração, alinhado com os desafios da
empresa.
Por fim, é preciso dar uma olhada na relação
entre o RH e o presidente da empresa. Quanto mais próximo a área que cuida dos
funcionários estiver do negócio, mais poder ela terá junto ao principal
executivo.
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