Luiz Affonso Romano - Consultor Organizacional
Ainda outro dia, num chat de
Consultores, levantou-se o tema dos aspectos mais relevantes de nosso trabalho
e/ou onde se erra mais. Claro, as opiniões variaram bastante, porém chegamos a
um certo consenso. Lá vai, para
você conferir:
1. O Cliente detesta pacotes
pré-organizados, que sentem servir para toda e qualquer outra empresa, que não
a sua. É como estivéssemos vendendo, por preço de novo, um produto de 2ª mão -
quem gosta? Afinal, todo Cliente se julga único - e de fato é -, já que assim
como não existem doenças, mas sim doentes, também cada empresa é um universo
diferente com suas peculiaridades, circunstâncias e idiossincrasias.
2. Cada vez mais se fala em
sustentabilidade da empresa mas, também, do fim do emprego e, de certo modo, de
sua insustentabilidade. Mas como administrar tal dilema e de que lado,
finalmente, deve ficar o Consultor? Do lado da empresa que lhe contrata - por
vezes objetiva, utilitariamente, egoisticamente, somente preocupada com seu
lucro e sua sobrevivência -, ou do lado humano, da preocupação social e da
justiça e equidade comunitária?
3. Pois até pode-se arriscar
algumas respostas para isso. A primeira é a de se reconhecer, francamente, que
talvez não tenha mais sentido o Pessoal vestir a camisa da empresa e que, bem
ao contrário, agora cada um deve mesmo é vestir sua própria camisa Ora, o
Consultor pode - ou quem sabe até deve - levar seu cliente-empresa a reconhecer
que ela tem uma responsabilidade social a cumprir e a ser respeitada, que pode,
inclusive, se transformar em vantagem competitiva, ganhando a simpatia e a
preferência do Mercado, dos meios de comunicação...
4. Porquanto já existem, como
sabemos, nos States e agora, até no Brasil, organizações não lucrativas
dedicadas à certificação do comportamento justo, social, humano e ecológico das
empresas examinadas, com ótimos resultados...
5. O Cliente, cada vez mais espera
e até exige resultados. Com isso, será extremamente útil que se possa avaliar e
até medir a resposta à nossa intervenção. Para isso, importante será se sugerir
e implantar, juntamente com o cliente, uma métrica significativa, desde que
aceita e compreendida por quem vai ser avaliado por ela. Por exemplo, se você,
atleta, for corredor da milha, não tem sentido ser avaliado pela altura
alcançada ao saltar de vara, não é mesmo?
6. Todo planejamento
bem feito deve de ter embutido um Plano B, espécie de saída de emergência para
incêndio, no caso de nada dar certo. Só que isso tem de ser programado antes
que as coisas aconteçam e se entre em pânico. Ou seja, o Consultor pode ajudar,
embora pareça meio estranho, se programar o sucesso e, também, o insucesso - é
bem mais prudente!
7. O Cliente geralmente não
lhe contata quando tudo vai indo bem, até por achar que não precisa de sua ajuda.
No passado recente, centenas de empresas, que viviam da aplicação no overnight
e não de seu negócio, simplesmente fecharam, com a queda da inflação. Ou seja,
quando ainda podiam não fizeram o dever de casa...
8. Com isso, os Consultores
concordaram em que o bom cliente talvez seja o que não tem (ainda) problemas e,
com isso, cabe ao profissional alertar para essa realidade. Na verdade, já
dizia Peter Drucker, melhor é maximizar o lado positivo da empresa e não se
tentar consertar o negativo - o lado podre da organização -, vamos virar a
página!
9. Também não constrói -
ponderaram os Consultores - procurar culpados e punir os que erraram. Inclusive
porque toda empresa é um sistema de inter-relaçães e os efeitos de uma situação
negativa, com frequencia tem sua causa num espaço e num tempo diferente do que
se incrimina.
10. Finalmente, e nisso houve
absoluta unanimidade, todos concordaram que sem o apoio e endosso de quem manda
e de quem é o alvo da mudança, provavelmente nada vai de fato acontecer. Ou ainda,
mais frustrante, parece que as coisas mudam, mas muita precaução porque as
pessoas tendem a voltar aos comportamentos antigos....
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