Artigo muito bom de leitura e reflexão!
Quando uma ferramenta criada para ajudar na
comunicação começa a tomar o rumo absolutamente contrário, chega a hora de
abandonar o barco
Resolvi. Cancelei minha conta no WhatsApp. Eu
demorei até certo tempo, comparado ao meu ciclo de convívio, para iniciar no
aplicativo. Houve um encantamento imediato sobre a facilidade de trocar
mensagens, vídeos, imagens, mas o efeito “nefasto” que o app provoca nas
pessoas me fez abandonar a ideia de tê-lo.
A palavra “nefasto” pode até soar pesado para
alguns, mas, de fato, é assim que passei a enxergar a questão. Ir a um
barzinho, estar em uma confraternização/aniversário, encontrar os amigos. É
quase uma regra (principalmente se você tem entre 12 a 30 anos), sempre terão
aqueles que não desgrudam os olhos da tela do celular e entram em seu mundo
paralelo digital, geralmente no WhatsApp ou Facebook.
O problema é que esse número de pessoas alienadas
está se multiplicando. Chega ao ponto que não existe um diálogo, fica cada um
imerso em sua mini tela. Isso, quando a conversa entre as pessoas não é: “Você
viu aquele vídeo no WhatsApp? Você tem que ver... muito engraçado. Estou
enviando para o seu”. Sim, essa é apenas uma situação ruim do aplicativo, mas
não irei me alongar nas outras.
A questão é que vivemos em plena era de ouro da
comunicação, onde todos têm possibilidades infinitas para interagir, mas
talvez, seja o momento mais crítico da história da comunicação. Há falta de
diálogo, convívio, interação com quem está próximo de nós. Até ligar já está
virando “artigo de luxo”. Exagero? As operadoras de telefone estão acompanhando
essa tendência de comportamento e invertendo seu marketing... Não se oferece
mais tantos planos para ligar, a questão, agora, são os planos com internet ilimitada,
internet a R$ 0,25, entre outros.
Acho que o sempre otimista filósofo Pierre Levy,
quando descreveu o conceito de Inteligência Coletiva, não imagina que o
WhatsApp poderia ter sido inventado. Ou até imaginava, mas não sabia que as
pessoas iam preferir ficar ali – no aplicativo -, em vez do convívio social.
As falas de um de seus maiores opositores, o
polêmico filósofo e sociólogo francês Jean Baudrillard (já falecido), feroz
crítico da sociedade de consumo, nunca fizeram tanto sentido. Principalmente na
questão de quando se transfere suas características para as novas máquinas, o
homem está abrindo mão de si mesmo.
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