segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Pesquisadores tentam entender os trolls, comentaristas agressivos da internet

Leitores vêem num simples post de um blog ou num perfil de um site de relacionamentos a oportunidade para despejar ofensas para todos os lados.

Trolls são monstros do folclore escandinavo, criaturas horrendas e antissociais comuns em histórias infantis. Também dão nome a uma verdadeira praga, igualmente medonha e de comportamento inadequado, que surgiu nos primórdios da internet, em fóruns e listas de discussões, mas que se espalhou após a popularização dos blogs. Cada vez mais, são muitos os debates virtuais prejudicados por suas agressivas intervenções.

Qualquer pessoa pode se tornar um troll. Com o – relativo – anonimato oferecido pela rede, nem é preciso criar pseudônimos para publicar comentários que escancaram, além do próprio semianalfabetismo, preconceitos, imoralidades e até crueldades verbais direcionadas a um blogueiro, a outro comentarista, ao proprietário de um site ou mesmo de um perfil num portal de relacionamentos. É um fenômeno. Que sensibiliza não só os internautas comuns, mas também a própria Academia, que aos poucos começa a se debruçar sobre o assunto. Bem aos poucos, no entanto.

– As pesquisas sobre o uso da internet, em âmbito universitário, estão em estágio avançado – diz Sandra Montardo, doutora em Comunicação e Cibercultura que integra o conselho da Associação Brasileira de Pesquisadores em Cibercultura e que é responsável pelo que chama de parte científica do Seminário Blogs, há três anos promovido pela Feevale. – Mas, especificamente sobre trolls, há poucos trabalhos. Embora o tema apareça no nosso seminário: chegamos a programar uma palestra sobre a linguagem usada na comunicação online. Os comportamentos na rede são abordados em estudos que transcendem a Comunicação e remetem, por exemplo, à Sociologia e à Antropologia.

Pode parecer simples entender o que faz alguém ofender outras pessoas que sequer conhece, sem remorsos e, em tantas ocasiões, sem justificativas, mas às vistas dos acadêmicos se trata de algo um tanto mais complexo – o que tem levado a algumas respostas bem interessantes. Um certo instinto maldoso e a segurança oferecida pela falta de contato físico são apenas os aspectos mais básicos dos estudos sobre o assunto, todos ainda incipientes, alguns tocando o tema a partir de abordagens laterais.

Adriana Amaral e Claudia Quadros, pesquisadoras paranaenses, são autoras de um trabalho desenvolvido na Universidade de Tuiuti e apresentado em Portugal que inclui, além de análises dos trolls, entrevistas com blogueiros vitimados por eles. Constataram, surpreendentemente, que muitos dos responsáveis pelos espaços de discussão atacados vêem algumas das ofensas com bons olhos – porque elas são sinônimo de polêmicas, ainda que vazias.

– Ter uma persona pública que chame a atenção é o que almejam muitos blogueiros, assim como muitos comentaristas de blogs – explica Adriana, associando o ciberespaço à obsessão contemporânea pela fama. – Sob certo aspecto, os blogs têm a ver com o jornalismo cor-de-rosa (de celebridades): eles têm a capacidade de elevar as pessoas à condição de personalidades reconhecidas.

Estaria aí uma possível explicação para o fato de os sites de fofocas, ao lado dos de futebol – que mexem com rivalidades e paixões exacerbadas – se destacarem na prática do trolling. Mas e quanto a portais e blogs que oferecem outros tipos de conteúdo? E quanto à prática de ofensas em simples perfis de redes de relacionamento?

– Muitas vezes as reações mais extremadas vão contra as opiniões que contrariam o senso comum – responde Adriana. – Essas opiniões podem ser expressadas em um blog ou mesmo em um item de um perfil, como a revelação de um gosto inusitado, por exemplo. Quando alguém abala uma verdade estabelecida, a reação é contrária. A possibilidade de anonimato, ainda que fantasiosa, porque o rastreamento é sempre possível, potencializa a agressividade.

Blogs também servem de veículo de expressão de conflitos preexistentes, aponta a pesquisa das professoras do Paraná – os comentaristas geralmente sabem quem são os blogueiros e mantêm com eles pontos de discordância que, mesmo que não tenham nada a ver com o debate, também acabam potencializando os confrontos, afirmam Claudia e Adriana. Não é por um caminho distinto que anda o trabalho de Raquel Recuero, jornalista, doutora em Comunicação e Informação, professora da Universidade Católica de Pelotas e uma referência no assunto Redes Sociais.

– Um site, assim como um blog, é uma apropriação de um espaço que é público. O ciberespaço é público – ela teoriza. – As respostas a essa apropriação podem ser interpretadas como uma tentativa de reocupação desse espaço. O que, é claro, não justifica a falta de civilidade.

– Mas que faz sentido se pensarmos no comportamento das pessoas no mundo real, fora da rede – acredita a psicóloga Cleci Maraschin, doutora em Educação e pesquisadora na área de tecnologia. – Quem é agressivo e não experimenta essa agressividade lá fora pode fazê-lo no mundo virtual. Quem não vivencia certas emoções no mundo real se sente incentivado a vivenciá-las de outro jeito.

Professora da UFRGS, Cleci também se dedica a pesquisar o comportamento de crianças e adolescentes. O que já descobriu possibilita um paralelo com o comportamento dos adultos diante do computador.

– A prática do bullying (atos de violência com o objetivo de intimidar), o popular “tirar para corinho”, é muito comum em escolas. Como o mundo virtual é relativamente novo, estamos numa fase de descoberta desse mundo, da mesma forma que crianças e adolescentes estão descobrindo a realidade. De fato, talvez faça sentido associar essa prática infantil ao trolling – ela raciocina, instigada a fazer a comparação. – Mas o importante nessa relação é não perdermos de vista que o mundo virtual também é real. Não é porque não estamos face a face que o mundo virtual não existe. Só somos capazes do trolling se também o formos do bullying.

Raquel Recuero, que em suas pesquisas já concluiu ser o trolling mais comum entre os jovens – embora também haja trolls adultos, ela ressalta –, resume numa imagem a mesma linha de raciocínio:

– O sujeito que pratica ofensas na internet faz algo parecido com o que fazem meninos e meninas que ofendem os colegas pichando a porta do banheiro do colégio. Ambos os atos são absolutamente infantis.

A solução para o problema? Quem pesquisou o assunto só encontrou uma: moderar intervenções e comentários dos leitores ou, até mesmo, excluí-los. Pelo menos até que eles reflitam mais maturidade da parte dos internautas.

Fonte: Daniel Feix - Jornal Zero Hora / Porto Alegre 

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Os pseudo-programas de trainee...

Recebi o artigo abaixo e considerei o conteúdo bom para  discussão e análise. 
Foi publicado por Edson Garcia - PMonline - Jornal Virtual

"Os pseudo-programas de trainee e a ludibriação dos jovens profissionais"

 "Eu não resisti compartilhar minha opinião com vocês ao ver a lambança que os RHs fazem pelo Brasil com a finalidade de ludibriar os profissionais e burlar as leis trabalhistas.

Primeiro gostaria de passar duas definições:

1- Consultor

Segundo o dicionário Michaelis: “Aquele que dá conselhos ou parecer sobre determinado assunto de sua especialidade: Consultor jurídico, consultor técnico.”

2- Trainne: Como não temos a definição do termos em nossos dicionários, podemo utilizar a definição adotada pelo mercado de trabalho. Um trainne é um jovem profissional, récem-formado que será preparado durante um prazo que costuma variar de 24 a 36 meses para exercer cargo de liderança na empresa como executivo em alguma de suas áreas de negócio ou técnicas. PONTO. Nada além disso.

Para completar, abaixo um trecho da definição que consta no Wikipedia para trainne:

“Este tipo de vaga é comumente atribuído a jovens executivos recém-formados ou que tenham até 2 anos de formado (algumas empresas aceitam até 3 anos) em um curso de graduação. O cargo de trainee costuma ter duração de 1 a 3 anos, período em que o funcionário tem um tutor, recebe treinamentos e participa de cursos voltados à gestão de sua carreira, conhecimento de processos de uma ou mais áreas da empresa e à gerência de pessoas. Ao término do período, o funcionário terá um cargo mais alto e consequentemente, uma maior remuneração se comparado a um funcionário semelhante que não tenha participado do processo, com função de preparar melhor o jovem para o mercado de trabalho.”

Definições apresentadas, agora podemos discutir o jeitinho brasileiro.

Navegando pelo site APINFO, onde são divulgadas vagas para profissionais de tecnologia, me deparei com as seguintes oportunidades:

- Consultor ERP Trainne
- Analista de Suporte ERP Trainne

Opa, pera lá! Temos aqui dois problemas gravíssimos!

O que é um consultor trainne? Consultor é um profissional extremamente experiente e especializado naquilo que se dispõe a oferecer consultoria. Que história é essa de consultor trainne, consultor jr? Não existe consultor em processo inicial de aprendizagem. Consultor é por via de regra um profissional formado (não estou falando de graduação, mas de experiência). Que bagunça não?

Analista de suporte trainne? Meu Deus do céu … alguém sabe me dizer o que é isso? Um analista e suporte no mínimo é JR e no máximo SR. Não existe trainee a analista de suporte.

Um processo de trainee, para formação dos novos executivos de uma empresa custa uma fortuna, em algumas companhias milhões de dólares. São profissionais que irão adquirir experiência e conhecimento do negócio da empresa, poderão passar temporadas no exterior participando de cursos na matriz e sem dúvida alguma, ao final do programa ou se tornarão Gerentes ou serão dispensados.

Jovens profissionais, não caiam nessa ilusão. Não existe consultor trainee, não existem analista trainee. Trainee nada tem haver com estes cargos.

Agora, porque as empresas que pouco se importam com sua carreira e só querem te sugar, nomeiam qualquer cargo como Trainee? Essa é fácil!

A nova lei do estagiário limita a carga horária a 6hs diárias / 30hs semanais. Agora estagiários tem férias. O tempo máximo de estágio é de 2 anos, dentre outros itens.

Poxa, aquele estagiário que era explorado e trabalhava 12hs por dia e chegava atrasado nas aulas da faculdade agora só pode trabalhar 6hs? O cara só vai trabalhar 6hs por dia e vou ter que dar férias para ele? Eu segurava o coitado com um salário de mixaria por 4 anos e agora só posso fazer isso por 2? Ahhhh não …. vamos ao jeitinho brasileiro!

E o jeitinho encontrado foi este mesmo. São contratados jovens para exercer papel de estagiário, porém para trabalhar igual CLT denominados trainee, porque assim podemos continuar com o bom e velho estagiário trabalhando as 12 horas por dia sem a justiça nos incomodar. Ah, mais um detalhe. Esse pseudo-trainee tem salário de estagiário, e mais uma bomba! Não, ele não irá se tornar gerente ao final de seu “pseudo-programa de trainee’s”. O legal é que o cara ainda fica feliz porque recebe o pseudo-título de trainee, título esse que possui uma certa carga de glamour, de importância, mesmo que na verdade ele seja um estagiário que, ao ser contratado (se for), será um analista jr e não um gerente.

Só para finalizar:

- Somente empresas sérias possuem programas de trainee sérios. Empresas como Danone, Unilever, IBM, Carrefour, Itau, Bradesco e afins semelhantes possuem bala na agulha e infraestrutura para montar um programa que trainee que forma gestores.

- De uma vez por todas não se iluda. Não existe Analista Trainee, Consultor Trainee, Assistente Trainee, etc. Se você quer ser trainee, fuja dessas vagas. Eles não estão procurando trainees e não se importam com sua carreira! Não querem formar gerentes!"

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Vai trabalhar? Divirta-se!

Neste bem estruturado artigo de Floriano Serra, temos como personagem central o chefe. O chefe chato!. Nada mais desgastante do que ser liderado por um chefe chato. Uma empresa que não é chata, torna-se chata também. Uma informação que circulou tempos atrás, dizia que boa parte dos processos trabalhistas eram por causa do chefe e não necessariamente por causa da empresa em si. Vamos ao artigo do Floriano!

Nada mais chato na vida do que se ter um trabalho chato, cercado de pessoas chatas e principalmente ser "liderado" por um chefe chato ! Isso pode até matar, sabia? No ano passado uma pesquisa realizada por especialistas ingleses do College of London descobriu que um contexto de trabalho nessas circunstâncias, pode provocar ataque cardíaco!

Em termos de gestão de pessoas, são muitos os fatores que podem produzir a chatice no trabalho e eu não teria aqui espaço suficiente para falar de todos eles num só artigo. Vou dedicar-me a um só ponto, justamente o mais importante e decisivo para o clima interno: a chefia.

Neste sentido, a chatice no trabalho começa quase sempre devido à tão inabalável quanto despropositada crença que alguns "chefes" possuem e manifestam a respeito do seu chamado "poder". E, por causa dele, mostram-se diariamente grosseiros, autoritários, centralizadores e exibidores de outros predicados muito
pouco relacionados com as modernas teorias sobre liderança, motivação, produtividade e condução de pessoas. Olhando apenas para o próprio umbigo, esses "donos da verdade e das vontades" arvoram-se em privilegiada autoridade à qual toda a equipe deve se submeter, sem contestações.

Resultado disso? Pessoal desmotivado, aumento dos processos trabalhistas com a alegação de assédio moral. elevado absenteísmo e altíssimo turn-over. Ao mesmo tempo, horários são rigidamente controlados – desde o da pausa para o cafezinho ao da ida ao banheiro, onde aqueles "gestores" acreditam que há um
tempo médio e máximo de permanência.. .Ou seja, os colaboradores que estiverem com desarranjo intestinal poderão adicionalmente ter também problemas disciplinares por ultrapassarem o tempo de tolerância permitido no toalete. E os gritos, acompanhados de perdigotos? E as cobranças e olhares ameaçadores? E a falta de atenção, de "bom dia, boa tarde, como foi seu fim de semana, obrigado, com licença, por favor, parabéns?"

Eu fico me perguntando se essas pessoas já ouviram falar em qualidade de vida e se já, o que pensam dela. Pergunto-me que prioridades essas pessoas dão às suas vidas - trabalho, família, amores, sonhos, diversão, saúde,..Certamente todo resultado que atingimos na vida nos cobra um preço. A questão é avaliar sempre: vale a pena? Por este resultado que vou obter, compensa pagar esse preço? Compensa ultrapassar as metas e conviver com uma equipe ressentida, desmotivada, emocionalmente doente e que não vê a hora de trocar de barco na primeira oportunidade? E na vida pessoal? Que preço essas pessoas estão pagando nas suas relações pessoais e familiares em troca de um polpudo saldo em conta corrente ou na aplicação?

Tenho sempre repetido que não é de bom senso permitir que nossa felicidade dependa de fatores sobre os quais não temos nenhum poder de decisão. Dê o melhor de si no seu trabalho, com ética e profissionalismo – mas não perca de vista que ele não é tudo na sua vida. Ao encerrar o expediente, deve haver um outro mundo à sua espera: familia, bons amigos, boas diversões, afetividade, arte, cultura, passeios.

Se você conseguir fazer com que as perspectivas dessa segunda etapa do dia (após o expediente de trabalho) sejam altamente compensadoras, você, durante o trabalho, estará sempre com um sorriso nos lábios, antecipando os prazeres que terá depois de uma inevitável, mas desnecessária e absurda jornada de chatice. Você até descobrirá que há gente e coisas boas no seu ambiente de trabalho, até então imperceptíveis.

No mínimo, tente - não seja chato.

Floriano Serra é psicólogo, palestrante e facilitador de seminários comportamentais.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Alteração de jornada de trabalho para Psicólogos

Assim como a profissão de Assistente Social, que recentemente obteve sua jornada de trabalho diminuída legalmente para seis horas diárias, a profissão de Psicólogo também está em trâmite no Senado e no Congresso Nacional para a redução de jornada. Junto com a profissão de Psicólogo, outras seis profissões também pleiteam a redução de jornada.

A grande maioria das instituições públicas já atua em regime de 6 horas diárias, extendido a todos os servidores. Via de regra, na área privada, tanto o Assistente Social como o Psicólogo, ocupam uma atividade dentro de um cargo amplo denominado, por exemplo, Analista de Recursos Humanos. Para o exercício das atividades de Serviço Social e de Psicologia, as especificidades, dentro desse grande cargo amplo, sustentam a graduação em serviço Social ou Psicologia.

Também atuam com a nomenclatura da própria profissão, ou seja, Assistente Social e Psicólogo. A questão a ser abordada é como ficarão essas profissões na área privada com a jornada reduzida? Como reagirão os empregadores privados? Antes da aprovação de outras profissões com jornada reduzida de trabalho, vamos aguardar a reação do mercado para o Assistente Social!

Abaixo transcrevo o manifesto do Sindicato dos Psicólogos:

"Excelentíssimo( a),

Parabenizamos essa casa pela aprovação do PL que definiu a jornada de trabalho dos Assistentes Sociais em 30 horas semanais. Tal jornada faz justiça à qualidade e ao nível de especialização de uma profissão tão importante para a qualidade de vida e o exercício da cidadania da sociedade brasileira.

Ocorre que a nossa profissão, a psicologia, luta pela aprovação de uma lei no mesmo sentido. Nossa reivindicação é idêntica. Queremos regulamentar nossa jornada em 30 horas semanais.

Tal qual os Assistentes Sociais, os psicólogos querem garantir uma jornada compatível com o nível de especialização e com o desgaste que uma jornada estendida provoca. Reduzindo as horas trabalhadas, estamos protegendo o profissional e a ele garantindo melhores condições de trabalho que, ao final, se reverte em melhor qualidade dos serviços prestados. O ganho é também da população atendida.

Com a aprovação do PL dos Assistentes Sociais e com a sanção presidencial, ficam dirimidas as dúvidas quanto à legalidade ou constitucionalidade de um PL que contemple o anseio da psicologia. É possível afirmar que há em nosso favor, assim como houve para os Assistentes Sociais, argumentos consistentes, sendo questão de bom senso aprovar as 30 horas para os psicólogos.

Hoje já somos mais de 160 mil psicólogos no Brasil e, somente no Estado de São Paulo, 70 mil cadastrados. Uma categoria com essa magnitude merecerá seu voto favorável a uma causa tão desejada e de tão grande importância para o exercício da profissão.

Encaminharemos, o SinPsi e demais entidades representativas da categoria, uma proposta de PL em breve. Esperamos contar com apoio de Vossa Excelência e com seu voto decidido em prol de nossa causa."



quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Curhtas e Rhápidas: O Sucesso consiste em não fazer Inimigos

Max Gehringer - Administrador de empresas e escritor, autor de diversos livros sobre carreiras e gestão empresarial, nos prestigia com mais um artigo brilhante.

Nas relações humanas no trabalho, existem apenas 3 regras:

Regra número 1:

Colegas passam, mas inimigos são para sempre. A chance de uma pessoa se lembrar de um favor que você fez a ela vai diminuindo à taxa de 20% ao ano. Cinco anos depois, o favor será esquecido. Não adianta mais cobrar. Mas a chance de alguém se lembrar de uma desfeita se mantém estável, não importa quanto tempo passe. Exemplo: Se você estendeu a mão para cumprimentar alguém em 1999 e a pessoa ignorou sua mão estendida, você ainda se lembra disso em 2009.

Regra número 2:

A importância de um favor diminui com o tempo, enquanto a importância de uma desfeita aumenta. Favor é como um investimento de curto prazo. Desfeita é como um empréstimo de longo prazo. Um dia, ele será cobrado, e com juros.

Regra número 3:

Um colega não é um amigo. Colega é aquela pessoa que, durante algum tempo, parece um amigo. Muitas vezes, até parece o melhor amigo. Mas isso só dura até um dos dois mudar de emprego. Amigo é aquela pessoa que liga para perguntar se você está precisando de alguma coisa. Ex-colega que parecia amigo é aquela pessoa que você liga para pedir alguma coisa, e ela manda dizer que no momento não pode atender.

Durante sua carreira, uma pessoa normal terá a impressão de que fez um milhão de amigos e apenas meia dúzia de inimigos. Estatisticamente, isso parece ótimo. Mas não é. A 'Lei da Perversidade Profissional' diz que, no futuro, quando você precisar de ajuda, é provável que quem mais possa ajudá-lo é exatamente um daqueles poucos inimigos.

Portanto, profissionalmente falando, e pensando a longo prazo, o sucesso consiste, principalmente, em evitar fazer inimigos. Porque, por uma infeliz coincidência biológica, os poucos inimigos são exatamente aqueles que têm boa memória.

"Na natureza não existem recompensas nem castigos. Existem consequências."

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Sempre é bom relembrar Brecht!

Não está sendo fácil viver os dias atuais como cidadão. Os discursos vazios, as promessas de sempre e as cenas ridículas no horário político nos deixam perplexos e descrentes de tudo. O TRE não se atreveria a publicar o IBOPE desse horário. Porém,o dramaturgo alemão Bertold Bretcht autor do livro “Um Homem é um Homem”, afirma que a salvação do homem é ele mesmo, desde assuma seu papel como um SER TRANSFORMADOR. Em outras palavras, se cada um fizer sua parte alguma coisa vai mudar. Seu pensamento, “ O Analfabeto Político” (abaixo), coloca em cheque todos que querem ser considerados CIDADÃOS, com letras maiúsculas.


O ANALFABETO POLÍTICO

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala e nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem de decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política e os políticos. Não sabe, o imbecil, que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, o assaltante e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, adesista, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.

Lições de liderança que Rodrigo Jordán aprendeu com os Andes!

Mais do que qualquer outro executivo, o empreendedor e professor chileno Rodrigo Jordán tem o direito de comparar um dia duro no escritório a uma escalada nas montanhas. Isto porque depois de liderar algumas equipes sul-americanas ao cume do monte Everest e do K2, ele criou, no início dos anos 90, a Fundación Vertical, uma entidade educacional de montanhismo sem fins lucrativos para crianças pobres e que, posteriormente, gerou a Vertical, com fins lucrativos, com um programa semelhante de escalada nos Andes que tem por objetivo aperfeiçoar as habilidades de liderança dos executivos. Jordán, que sabe como ninguém contar uma história, conversou com a edição em árabe da Knowledge@Wharton a respeito do que aprendeu com as lições de liderança tiradas do montanhismo.

Jordán, PhD em administração de empresas pela Universidade de Oxford, leciona liderança e tomada de decisão na Pontifícia Universidade Católica do Chile. Ele diz que através das atividades ao ar livre de ambas as instituições, a equipe de treinamento da Vertical usa as expedições às montanhas para ajudar as pessoas a desenvolver habilidades "soft" — como, por exemplo, trabalho em equipe, resolução de conflitos, gestão de crise — que são essenciais, numa primeira etapa, para o sucesso dos negócios e, numa segunda etapa, no caso das crianças, para tirá-las da pobreza. Jordán, que sabe como ninguém contar uma boa história, conversou com a edição em árabe da Knowledge@Wharton sobre o que aprendeu com as lições de liderança tiradas do montanhismo.

Arabic Knowledge@Wharton: Em primeiro lugar, como foi que você se interessou por montanhismo?

Rodrigo Jordán: Meus pais foram morar em Santiago, aos pés dos Andes. A cordilheira ficava quase que literalmente no quintal da minha casa. Minha família não se interessava por montanhismo. Meu pai era um homem urbano, e minha mãe e irmãos idem. Comecei a escalar montanhas sem saber nada do assunto. Para encurtar a história, descobri quando entrei na universidade que havia cursos sobre montanhismo. Eu me matriculei imediatamente. Queria escalar o Aconcágua, o maior pico do hemisfério sul. Esse era o meu sonho. Foi assim que, há 30 anos, comecei a me interessar profissionalmente por montanhismo e acabei seguindo carreira.

Arabic Knowledge@Wharton: Você diria que há alguma relação entre montanhismo e seu interesse por liderança?

Jordán: No início, nenhuma. Eu era apenas um alpinista que tinha também outras atividades, estudava e saía para fazer minhas escaladas. Na verdade, minha decisão de entrar para o magistério se deveu, de certa forma, ao fato de que as férias nesse segmento são mais longas, o que me permitia fazer minhas escaladas. Contudo, graças à ajuda de muita gente, percebi que havia uma ligação entre liderança e os preparativos para uma grande expedição, que é um empreendimento e tanto. Na Pontifícia Universidade Católica do Chile, eu me dedicava à inovação e à estruturação de empresas para os processos de inovação. Essa foi minha tese de doutorado na Universidade de Oxford. Percebi então que alguns elementos próprios das habilidades sociais — trabalho em equipe, liderança, comunicação, resolução eficaz de problemas — eram comuns a esses dois mundos, e foi então que começamos a ligar uma coisa com a outra.

Arabic Knowledge@Wharton: Houve um momento durante seus estudos das estruturas das empresas e do montanhismo que você criou uma empresa, a Vertical, correto? Com foi esse processo?

Jordán: Bem, mais uma vez devo dizer que a história não foi tão curta assim. Depois que retornamos de nossa primeira escalada no Monte Everest, tivemos nossos 15 minutos de fama. Éramos a primeira expedição sul-americana a percorrer uma rota muito difícil, a face leste da montanha. Usei a fama para criar uma fundação, porque percebemos que as escolas mais pobres do Chile, as escolas públicas e seus alunos, não tinham acesso ao conhecimento sobre liderança e trabalho em equipe que uma atividade externa pode proporcionar. Criamos a fundação para dar a possibilidade a esses alunos de desfrutar talvez de dois ou três dias de educação ao ar livre. Foi assim que tudo começou. Foi então que percebemos que aquilo que fazíamos com as crianças poderia ser feito também com empresas. Deixei meu emprego na universidade e abri a empresa.

Arabic Knowledge@Wharton: Voltando à fundação, ela ainda existe? Você poderia falar um pouco sobre como foi que ela evoluiu?

Jordán: Graças aos esforços de muitas pessoas, a empresa cresceu e agora temos uma casa grande em Santiago. As duas empresas convivem debaixo do mesmo teto. Uma alimenta a outra. Nossos instrutores, por exemplo, trabalham em ambas as organizações. É muito interessante vê-los trabalhar com alunos pobres numa semana e depois com Seu de grandes empresas chilenas na outra. A fundação leva cerca de 3.000 crianças para atividades ao ar livre todos os anos. É, portanto, de um empreendimento de fôlego.

Arabic Knowledge@Wharton: Que outras implicações haveria nessas atividades ao ar livre com as crianças? Em última análise, o objetivo seria reduzir a pobreza em toda a sociedade, mas de que maneira sua atividade contribui com esse objetivo?

Jordán: Quando começamos a trabalhar com o [...] governo e com algumas ONGs, percebemos que, especialmente no Chile, os estudantes eram muito competentes na parte técnica, mas não tinham habilidades sociais. Pesquisamos o assunto, e o desequilíbrio se tornou evidente. Não havia treino algum na parte das habilidades sociais. Estamos trabalhando nas escolas para dar esse treinamento. Isso tem ajudado, sem dúvida alguma, a educar o futuro profissional, que não deve ter apenas competências técnicas, mas também sociais. Se vincularmos esse dado à questão da superação da pobreza, veremos que há necessidade de uma mudança de mentalidade. Cremos que é preciso proporcionar as ferramentas necessárias para as crianças pobres, para que vençam a pobreza por conta própria. Elas podem até conseguir um diploma na área técnica, mas se não tiverem habilidades sociais que permitam a construção de redes, se não aprenderem a liderar em meio a circunstâncias difíceis e a buscar um futuro melhor, não estaremos dando a elas todas as ferramentas de que precisam. Essa é a convergência necessária, e tudo acontece sob o mesmo teto.

Arabic Knowledge@Wharton: Você poderia dar um exemplo de como as atividades da fundação contribuem para o desenvolvimento das habilidades sociais que levam aos resultados que você acaba de descrever?

Jordán: Posso lhe dar um exemplo específico. Estávamos promovendo uma excursão de final de semana para os alunos do sexto ano de uma comunidade muito pobre na periferia de Santiago. Mandamos ônibus para levá-las às montanhas. Eu já estava na base esperando por elas quando recebi uma mensagem de um instrutor: "Rodrigo, temos um problema. Além das crianças da quinta e da sexta séries, outras cinco crianças da oitava e da nona séries embarcaram no ônibus também." Eram todos meninos e tinham fama de difíceis. Os motoristas dos ônibus me ligavam pelo rádio perguntando: "O que vamos fazer?Devemos mandá-las de volta para casa?" "Não, não, podem trazê-las", eu disse.

E foi o que aconteceu. Sabíamos que elas poderiam nos causar problemas, por isso decidi discutir a situação com minha equipe de instrutores. Disse a eles que tínhamos de tirar proveito da situação e usá-la a nosso favor. Quando as crianças chegaram, dissemos a elas: "Que ótimo que vocês estão aqui!" Essa é a primeira coisa a fazer — aprová-las, em vez de censurá-las. Mostramos a elas que estávamos felizes com sua presença e que precisávamos de ajuda. Fizemos então aquela pergunta ensaiada: "Vocês gostariam de ser nossos assistentes?" Para dizer a verdade, naquele programa quem mais mudou o jeito de ver as coisas foi aquele grupo de cinco crianças. Depois disso, recebemos cartas e telefonemas dos pais indagando-nos o que havíamos feito, porque não conseguiam acreditar que com dois dias apenas no programa seus filhos tivessem mudado tanto em casa.

Arabic Knowledge@Wharton: Onde elas estão agora?

Jordán: Concluíram os estudos, todas elas. Mantenho contato com duas que estudam atualmente em uma escola técnica. Perdi contato com as outras três porque suas famílias se mudaram de Santiago.

Arabic Knowledge@Wharton: As habilidades sociais têm o mesmo efeito sobre meninos e meninas ou você percebe alguma diferença?

Jordán: Não tenho certeza se isso é uma coisa que tem a ver com o sexo. Tudo depende do grau de sucesso de suas habilidades sociais. Por exemplo, você talvez seja introvertido ou expansivo. Algumas pessoas acham que ser introvertido é ruim, e que os introvertidos devem se esforçar para se tornarem expansivos. Não tenho certeza disso. Ser introvertido, ou não, não tem nada a ver com o sexo da pessoa. Se você sabe que é introvertido, poderá usar isso a seu favor. Independentemente do sexo da criança, eu a ajudaria a descobrir seu ponto forte e a construir algo de positivo a partir daí.

Arabic Knowledge@Wharton: Muitas vezes, numa organização com fins lucrativos, é fácil mensurar a evolução do negócio. Mede-se o crescimento da receita e o lucro obtido. Numa fundação como a que você dirige, como medir o progresso alcançado e como melhorar sempre a eficiência?

Jordán: No início, não havia parâmetro algum. Tudo o que fazíamos brotava do coração. Contudo, com o passar dos anos, chegamos à conclusão de que precisávamos avaliar o que tínhamos. Felizmente, trabalhávamos em parceria com algumas escolas, o que nos permitiu fazer a avaliação necessária. Em vez de implantar um programa e pô-lo para funcionar, procuramos envolver os professores. Criamos um programa que começa antes de partirmos para as montanhas, outro nas montanhas e mais um depois. Em todo esse processo, contamos sempre com a participação dos professores. Temos referências que nos permitem medir o que está se passando na sala de aula antes e depois do programa. Isso nos permite mensurar nosso desempenho em relação aos parâmetros estabelecidos.

Arabic Knowledge@Wharton: Em toda a sua carreira, qual foi o desafio de liderança mais difícil que você enfrentou, o que fez para vencê-lo e o que aprendeu com ele?

Jordán: A tarefa mais difícil de qualquer pessoa consiste em saber liderar seu próprio eu mais do que a outras pessoas. Lembro-me de que, em 1986, fracassamos em nossa primeira expedição ao Monte Everest, e perdemos um de nossos amigos e companheiros. Foi um momento muito triste. Depois de descer do Everest, você tem cerca de uma semana de trilha a percorrer até pegar o ônibus com destino a Katmandu e depois tomar o avião em direção ao Chile. Todo esse processo leva cerca de 20 dias até você chegar a casa. Durante esse tempo, eu me senti vazio por dentro. Pensei: "Não sou bom nisso. Como fui me meter numa situação dessas em que alguém acabou morrendo porque queríamos realizar nossos desejos?" Foi uma confusão espiritual e intelectual terrível. Não há dúvida de que foi difícil. Todavia, isso não significa que você não deva tentar novamente. O desafio mais terrível para mim era saber que poderia falhar novamente. A propósito, falhamos novamente em nossa segunda tentativa. Em primeiro lugar, porém, tive de vencer o medo do fracasso — aquele medo de que, se falhar, então é porque você não serve para nada. Vencer o medo do que poderia acontecer a mim, à minha carreira, ao meu desenvolvimento se falhássemos novamente foi à coisa mais difícil que tive de superar.

Arabic Knowledge@Wharton: O que isso ensinou a você?

Jordán: Acho que foi Einstein quem disse que o fracasso e o sucesso são dois grandes impostores e que são imposturas tudo o que dizem. Ninguém deve acreditar que fracassou porque perdeu uma partida, e nem que venceu porque ganhou uma partida. A vida é muito mais complexa.

Arabic Knowledge@Wharton: Você tem uma definição pessoal de sucesso?

Jordán: Minha definiçãomudou muito com o passar do tempo. Agora, sucesso para mim é estar em paz com o que faço. Eu penso assim: "Esta é minha ocupação no momento, é isto o que gosto de fazer, o que deixa me faz feliz, e à minha família também." Isso, para mim, é sucesso.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Alteração de Jornada de Trabalho para Assistente Social

Não quero julgar o mérito da questão, apenas comentar alguns aspectos:

O Assistente Social atua tanto na Área Privada como na Área Pública. O Ministério da Saúde/SUS em sua definição de Profissionais da Saúde, além do Assistente Social, também considera o Psicólogo e o Fonoaudiólogo entre outras profissões, profissões estas, também expostas a situações cotidianas de jornadas extenuantes e alto grau de estresse, decorrentes das pressões sofridas no exercício de seu trabalho junto à população.

Sabemos que muitas instituições públicas já atuam em regime de 6 horas diárias, extendido a todos os servidores. Porém, no setor privado, muitas vezes o Assistente Social ocupa uma atividade dentro de um cargo amplo denominado, por exemplo, Analista de Recursos Humanos. Para o exercício das atividades de Serviço Social, as especificidades, dentro desse grande cargo amplo, sustentam a graduação em serviço Social. Para o exercício da atividade Psicologia, graduação em psicologia e por aí vai. Como ficarão os Assistentes Sociais que atuam no setor privado é a grande questão a ser analisada. Vamos aguardar a reação do mercado...! 


Um dia para ficar na história do Serviço Social brasileiro e para a luta de trabalhadores/as de todo o país. O Presidente Lula sancionou, nesta quinta-feira, 26 de agosto de 2010, o PLC 152/2008, de autoria do deputado federal Mauro Nazif (RO), que define a jornada máxima de trabalho de assistentes sociais em 30 horas semanais sem redução de salário.

A assinatura do projeto pelo Presidente aconteceu no Palácio Itamaraty, exatamente 15 dias úteis após a entrada do PLC 152/2008 na Casa Civil (06/08).

“É de se emocionar. O Conjunto CFESS-CRESS e a categoria têm muito que comemorar. O PL 30 horas contribuirá para a melhoria das condições de trabalho de assistentes sociais e sua aprovação deve ser vista na perspectiva da luta pelo direito ao trabalho com qualidade para toda a classe trabalhadora, conforme estabelece nosso Código de Ética Profissional do/a Assistente Social”, afirmaram os/as conselheiros/as da Gestão Atitude Crítica Para Avançar na Luta, do CFESS.

“Nossa luta se pauta pela defesa de concurso público, por salários compatíveis com a jornada de trabalho, funções e qualificação profissional, estabelecimento de planos de cargos, carreiras e remuneração em todos os espaços socioocupacionais, estabilidade no emprego e todos os requisitos inerentes ao trabalho, entendido como direito da classe trabalhadora”, completou a diretoria do CFESS.

Com a sanção do PLC 152/2008, o Serviço Social passa a ser mais uma categoria que conquistou legalmente a redução da jornada de trabalho.

Seis profissões da área da saúde já possuem carga horária semanal igual ou inferior a 30 horas semanais e outras sete possuem Projetos de Lei em tramitação no Congresso Nacional para redução da jornada de trabalho.

Por isso, a aprovação da redução de jornada de trabalho reforça uma luta que é de toda a classe trabalhadora, por melhores condições de trabalho.

Nos próximos dias o PLC 152/2008 deverá ser publicado no Diário Oficial da União, alterando a Lei 8.662/1993. O Conjunto CFESS-CRESS já pensa em estratégias para a implementação da lei. “A aprovação da lei é uma vitória e abre caminho para uma nova luta, que é a de fazer valer as 30 horas para assistentes sociais sem redução de salário nas instituições empregadoras”, destacou a presidente do CFESS, Ivanete Boschetti.

Uma causa justa

O trabalho do/a assistente social é complexo e abrange diversas áreas: Saúde, Assistência Social, Sociojurídico, Previdência, ONGs, setor privado e muitas outras. Os/as profissionais estão expostos/as a situações cotidianas de jornadas extenuantes e alto grau de estresse, decorrentes das pressões sofridas no exercício de seu trabalho junto à população submetida a situações de pobreza e violação de direitos. Por esse motivo, a redução da carga horária semanal do/a assistente social sem perda salarial é uma causa justa e impactará principalmente na qualidade dos serviços prestados aos usuários do Serviço Social.

No documento "Porque o Conjunto CFESS-CRESS defende 30 horas de jornada semanal para assistentes sociais", é possível ver outros argumentos favoráveis à redução da jornada de trabalho da categoria.

Dois anos de luta e de expectativa

Da aprovação por unanimidade no Plenário do Senado, em 3 de agosto de 2010, à Sanção Presidencial, a categoria viveu dias de expectativa e também de mobilização.

Após o histórico Ato Público, organizado pelas entidades representativas da categoria (Conjunto CFESS-CRESS, ABEPSS, ENESSO), e que reuniu mais de 3 mil pessoas em frente ao Congresso Nacional, iniciou-se uma série de ações para sensibilizar a Casa Civil sobre o PL 30 horas para assistentes sociais.

O abaixo-assinado virtual em defesa da Sanção Presidencial ao projeto teve mais de 22 mil signatários, um recorde no site abaixoassinado.org. Além disso, milhares de emails foram enviados ao Presidente pedindo a aprovação do mesmo. E o Conjunto CFESS-CRESS participou de diversas audiências e reuniões com Ministérios e com a Casa Civil para mostrar ao Governo a importância do PLC 152/2008.

Entretanto, esta luta do Conselho Federal e dos Regionais por melhores condições de trabalho para os/as assistentes sociais começou há cerca de três anos, logo que o Projeto de Lei, ainda com o nome PL 1.890/2007, foi apresentado no Plenário da Câmara pelo deputado Mauro Nazif (PSB/RO) no dia 28 de agosto daquele ano.

À época, o Conselho Federal participou de quatro audiências com os parlamentares (autor e relator do PL), realizando amplo debate do CFESS, CRESS e Seccionais com o autor do PL em abril de 2008, em Brasília.

A atuação do Conjunto culminou com a aprovação do PL 1.890 na Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados em setembro de 2008. Para acompanhar a votação, o Conjunto CFESS-CRESS mobilizou conselheiras/os do Conselho Federal e do CRESS-DF, assistentes sociais do Distrito Federal e de outros Estados, dando força à luta pela aprovação do PL 30 horas.

Com o nome de PLC 152/2008, o PL 30 horas chegou ao Senado, na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), tendo como relatora a senadora Serys Slhessarenko (PT/MT), com quem o CFESS fez reuniões de articulação e cujo parecer foi favorável à aprovação do PL. Em seguida, após mudança de relatoria para senadora Lúcia Vânia (PSDB/GO), o CFESS novamente participou de reunião com a nova relatora, visto que a FENAS manifestou posição contrária ao PL e solicitou à relatora sua devolução para a Câmara dos Deputados. Após uma reunião tensa, a relatora emitiu seu parecer favorável, atendendo à reivindicação do CFESS. O projeto de lei foi finalmente aprovado na CAS no dia 30 de abril de 2009 (reveja matéria), com a sala da Comissão lotada por assistentes sociais mobilizados/as pelo CFESS e pelo CRESS-DF. Sua aprovação nesse dia contou com a participação de um observador especial: o sociólogo francês Robert Castel, que estava em Brasília para um Seminário Internacional na UnB e acompanhou a presidente do CFESS, expressando à época: “não imaginei que os assistentes sociais no Brasil tivessem tanta força política”.

Daí em diante, uma série de mobilizações para a votação do PLC 152 foi posta em prática: manifestação de assistentes sociais no plenário do Senado, reuniões com a Ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Márcia Lopes, encerrando com o grandioso Ato Público na Esplanada dos Ministérios, no vitorioso dia 3 de agosto de 2010.

A sanção do Presidente Lula a esse projeto demonstra que a luta coletiva foi essencial na conquista de melhores condições de trabalho e leva o Conjunto CFESS-CRESS a conclamar os/as assistentes sociais a continuarem na defesa não só pelos direitos da categoria, mas na luta pela construção de uma sociedade, justa, igualitária e que não mercantilize a vida.

Conselho Federal de Serviço Social - CFESS
Gestão Atitude Crítica para Avançar na Luta – 2008/2011
Comissão de Comunicação


Lei nº 12.317, de 26 de Agosto de 2010


Acrescenta dispositivo à Lei nº 8.662, de 7 de junho de 1993, para dispor sobre a duração do trabalho
do Assistente Social.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º A Lei nº 8.662, de 7 de junho de 1993, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 5º-A:

"Art. 5º- A duração do trabalho do Assistente Social é de 30 (trinta) horas semanais."

Art. 2º Aos profissionais com contrato de trabalho em vigor na data de publicação desta Lei é
garantida a adequação da jornada de trabalho, vedada a redução do salário.

Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 26 de agosto de 2010; 189º da Independência e 122º da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Carlos Lupi
José Gomes Temporão
Márcia Helena Carvalho Lopes
Publicação: Diário Oficial da União - Seção 1 - 27/08/2010