terça-feira, 24 de agosto de 2010

Faltam engenheiros...

Antes de apresentar a matéria elaborada pelo Klinger Portella, iG São Paulo, edito algumas mensagens que postei no twitter em 1º de julho pp:

O 1º curso de engenharia foi em 1811 e formava profissionais para o Exército. Hoje, há 92 especializações em engenharia e falta mão de obra!

O diretor da Escola de Engenharia Politécnica da USP estima que apenas 1 em cada 4 estudantes ingressa no mercado com formação adequada.

A evasão nos 1.374 cursos de engenharia existentes no país alcança 80%. Dos 150 mil alunos que ingressam no primeiro ano só 30 mil concluem.

De acordo com a CNI, cerca de 150 mil vagas para profissionais formados em engenharia não terão como ser preenchidas até 2012. 

Carências do país na área de engenharia são dramáticas e evidenciam necessidade de avanços educacionais para aumentar a competitividade! 

Houve uma época que os salários pagos aos Engenheiros eram formulados pelo conceito de Curva de Maturidade. Em poucas palavras, avaliava-se o tempo de formado do Engenheiro associado à experiência qualitativa adquirida e propunha-se um valor salarial. Geralmente, a Curva de Maturidade tinha seu limite em até 20 anos de formado. Como já sabemos, a categoria profissional de Engenheiros, conseguiu manter a lei que determina o piso profissional (9 salários mínimos por 8 horas diárias), apesar do Plano Real ter proibido qualquer tipo de indexação ao salário mínimo.

Hoje, ao se formar e ser admitido como Engenheiro, o jovem profissional tem o salário de R$ 4.590,00. Muito provavelmente, um Engenheiro com uma experiência qualitativa efetiva de 8 a 10 anos ganha hoje, com a proporção das antigas Curvas de Maturidade, um salário compatível corrigido pós Real.

Agora, vamos à matéria:


Em 2010, País deve receber cerca de 5 mil profissionais do setor, um crescimento de 39% em comparação com o ano passado.

Quando chegou ao Brasil, há 25 anos, o engenheiro inglês Barrie Lloyd Jones tinha um contrato de trabalho temporário de três anos para ocupar a posição de superintendência em uma empresa do setor de petróleo e gás. Vinha para suprir uma carência de mão de obra especializada e, desde então, não deixou mais o País. “De todos os lugares que eu visitei, o Brasil é o melhor”, diz o engenheiro, que já trabalhou em 13 países diferentes.

Há três meses, Jones montou sua empresa de equipamentos de perfuração para exploração de petróleo, na região de Macaé (RJ) e enfrenta os mesmos problemas que seus antigos patrões: a falta de mão de obra especializada no País. “Estou com muito trabalho, porque temos poucos brasileiros especializados na área”, diz ele, que conta com dois estrangeiros em sua equipe. “Minha vontade é usar muito pouco estrangeiro. Quero montar uma equipe de pelo menos dez especialistas brasileiros”, completa.

A dificuldade encontrada por Barrie Lloyd Jones retrata uma realidade do mercado brasileiro e uma tendência cada vez mais forte por aqui. Com a potencial escassez de mão de obra de engenheiros para os projetos futuros que se escancaram – com Copa do Mundo, Jogos Olímpicos, pré-sal e o boom imobiliário – a chegada de engenheiros estrangeiros ao Brasil cresce a cada ano – e não deve parar de crescer, de acordo com números oficiais tabulados pelo iG.

José Pastore, professor de Relações do trabalho da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP), diz que haverá uma defasagem de profissionais pelos próximos quatro anos, que será parcialmente compensada com a importação de mão de obra. “Depois disso, as faculdades terão condições de suprir a demanda interna.”

Segundo dados da Coordenação Geral de Imigração do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), entre 2008 e 2009, o número de autorizações concedidas a engenheiros estrangeiros saltou 27%, de 2.712 para 3.542. Entre janeiro e julho deste ano, a entrada de estrangeiros no País já superou os números de 2008, com 2.804 autorizações. Caso mantenha o mesmo ritmo de crescimento nos próximos cinco meses, o Brasil encerrará 2010 com a entrada de 4,8 mil engenheiros estrangeiros, um crescimento de 39% em comparação com o ano passado.

Entrada de engenheiros no Brasil

Veja quais são as especialidades mais importadas pelas empresas brasileiras!

E os números podem ser ainda maiores. Segundo Mônica de Mello, sócia proprietária da Welcome Expants, empresa de consultoria que recebe estrangeiros no Brasil, há uma demanda crescente por engenheiros por parte do setor de petróleo e gás, com foco na exploração do pré-sal. Entre janeiro e julho, a empresa de Mônica, que atua na região de Macaé (RJ), recebeu 35 pessoas – 95% delas são engenheiros – e um novo grupo chega até setembro. “A perspectiva é de, pelo menos, mais 150 pessoas até o fim do ano”, diz.

Uma das empresas internacionais que atua na área de petróleo e gás no Brasil – que pediu para não ser identificada – tem planos de trazer, nos próximos dois anos, mais de mil engenheiros estrangeiros para o País, segundo apurou o iG.

Um estudo da PricewaterhouseCoopers (PwC) realizado com 24 diretores de recursos humanos de grandes empresas do setor de engenharia e construção no mundo constatou que a mobilidade internacional é importante para os negócios em 80% das companhias. Para o futuro, dizem os entrevistados, o número subirá a 95%.

Segundo o levantamento da PwC, 70% dos engenheiros estrangeiros são contratados para projetos de curto prazo e em novos mercados. Além disso, 40% dos profissionais vindos de fora chegam com objetivo de desenvolver os engenheiros locais.

Embora seja adotada como alternativa à escassez de mão de obra especializada no Brasil, a importação de profissionais tem seus contras. “Nós estamos em período de expansão mundial e todos os países precisarão de mão de obra”, diz Ivan Witt, diretor da consultoria de recursos humanos Stter RH. “Além disso, existe uma barreira cultural, que é difícil de ser vencida”, completa. Ele acredita que mesmo países vizinhos, como Chile e Argentina, não teriam condições de supria a demanda do Brasil.

Procuram-se engenheiros

É consenso entre os especialistas que o Brasil enfrentará escassez de mão de obra de engenheiros nos próximos anos. Um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrou que, se a economia apresentar um crescimento médio de 3,5% ao ano, o estoque de profissionais não será suficiente para atender a demanda por engenheiros já em 2015.

Importação de engenheiros deve seguir em alta por mais quatro anos, prevê Pastore.

Mas o cenário pode se agravar ainda mais, já que, em 2010, por exemplo, o crescimento do Produto Interno Bruto deve bater a casa dos 6%. “O Brasil forma em torno de 32 mil novos engenheiros por ano. Só a indústria automobilística e a Petrobras precisam de 34 mil”, diz Ivan Witt.

Presidente do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), Marcos Túlio de Melo destaca que o Brasil está bem abaixo de outros países quando o assunto é formação de engenheiros. “A China forma em torno de 400 mil engenheiros por ano. A Índia, em torno de 280 mil. A Coreia, 80 mil”, afirma.

Os especialistas dizem que o baixo índice de formandos em Engenharia está associado a um período de pelo menos 20 anos em que a economia brasileira praticamente estagnou, reduzindo a demanda por profissionais do segmento. Além disso, parte dos engenheiros acabam deslocados a outras atividades, cuja remuneração era mais atrativa, como o setor financeiro. Segundo dados do Ipea, apenas dois em cada sete estrangeiros trabalham em posições de Engenharia.

Com a retomada econômica observada nos últimos anos, entretanto, cresce a demanda por engenheiros e os salários tornam-se mais atrativos. Hoje, o salário médio inicial para um engenheiro é de R$ 4,5 mil. Há quatro anos, o valor era bem menor: R$ 1,5 mil.

Um comentário:

  1. Esta matéria é bastante interessante. Sou executivo de montadora com experiência como expatriado em posição de liderança na Europa.
    Há uma semana atrás fui surpreendido com um convite de uma grande corporação indiana para liderar a sua divisão de R&D.
    Acredito que além da escassez de engenheiros, o Brasil poderá sofrer um êxodo de líderes globais.

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