terça-feira, 29 de maio de 2018

O Gestor de RH trabalha para o capital, deve agregar valor à empresa e não é seu amigo


Você acaba de entrar no pacote de demissões acertado com o Sindicato, pois sua empresa está passando por uma crise ou por uma reestruturação. Depois da comoção, os que ficaram ti abraçam, lamentam e desejam-lhe boa sorte. Depois de dez anos, você trocou seu cartão de visitas por mais seis meses de assistência médica. 

 

“Nós que amávamos tanto a empresa”

 

Depois de algumas semanas a vida segue na empresa e já pararam de falar nas demissões e de você. Dois ou três colegas de trabalho ficaram seus amigos nesses dez anos. Na procura do novo emprego, seus colegas de trabalho, que saíram junto com você, de vez em quando marcam um café da manhã em uma padaria para troca de ideias e lembrar com saudades da ex empresa. 

 

“Nós que fomos tão sacaneados”

 

Pare e reflita. Empresas são entidades jurídicas que não devem ser exaltadas, mas sim, respeitadas como empregador. Ela cumpre seu papel e você cumpre o seu.

 

Ao invés de sair por aí exaltando “sua” poderosa empreiteira, “seu” renomado Banco ou “sua” conceituada metalúrgica, apenas respeite-a como empregador

 

Empresas não cuidam de gente!

 

Cuidam de trabalhadores que são remunerados em troca de produção e serviços em conformidade com os padrões de qualidade determinados. Os trabalhadores devem cumprir bem seu papel. Cuidar de gente é slogan de campanha política. Melhor lugar para trabalhar (great place to work) é campanha institucional de marketing, enquanto a empresa não é afetada por alguma turbulência.

 

Dentro da realidade empresarial, as pessoas serão sempre recursos. Queiram ou não. O RH tem como missão contribuir na construção de cenários que contemplem sua motivação e o seu desenvolvimento pessoal e profissional.

 

O Gestor de RH trabalha para o capital, deve agregar valor à empresa e não é seu amigo

 

Agora você vai a uma entrevista para um novo trabalho. Ao novo “patrão” só interessa conhecer e ouvir o que você fez no passado e o que você pode fazer e fará no futuro.

 

No mundo corporativo, o seu passado de vitórias e conquistas, primeiro, só interessa ao museu de sua estória. Segundo, esse momento já foi! O passado de vitórias e conquistas aconteceu em outras circunstâncias, em outro cenário econômico e social, em outro cenário de tecnologia e em outro cenário de recursos disponíveis. Principalmente, em outra faixa etária e com outros concorrentes!

 

O novo “patrão” só quer saber como resolverá os problemas imediatos de gestão, como atingirá as metas organizacionais determinadas, como mediará relações sindicais, como irá atuar nos processos de gestão de pessoas e por aí vai.

 

Está mais que na hora de parar de pensar em voltar a trabalhar na ex empresa. Uma vez que você entra em um projeto de “volta”, você não fica nem aqui e nem ali. Fica solto e sem foco. Não se desenvolve no  momento atual e, muito menos, consegue efetivar a sua volta.

 

A cada dia enfrentamos e vivemos novas experiências e essas experiências nos trazem diferentes momentos. O conteúdo de um rio é sua água, seu leito e sua nascente, reabastecido com chuvas e temporais. Sem esse conteúdo nada mais existiria senão sua secura. O conteúdo de um ser humano são os conhecimentos, as habilidades e as atitudes, reabastecidos regularmente com o exercício do aprendizado, da prática e da certificação. Da humildade do reaprendendo a aprender. Do saber lidar com o novo. Com o inusitado.

  

Guarde o cartão de visitas da ex empresa como lembrança e saia em busca de uma nova estória para sua vida! Agora, já!

 

 

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