Tempos
atrás, a área de RH passou a ser entendida como composição de dois núcleos
distintos, Administração de Recursos Humanos e Desenvolvimento
de Recursos Humanos.
Como Administração de RH, entendem-se
as atividades que tem no fundamento legal suas bases e, como Desenvolvimento de
RH, entende-se como o “laboratório” de projetos de gestão de pessoas.
O núcleo de Administração de RH tem
como escopo principal o processamento da folha de pagamento, o recolhimento de
impostos e de encargos sociais, a organização da documentação e registro de
empregados e, em muitas empresas, a organização das atividades de Medicina e
Segurança do Trabalho.
Já o núcleo de Desenvolvimento de RH
tem como escopo principal o processo de criação com sustentabilidade técnica e respeitando,
quando necessário, as questões legais. Em função das questões legais que
envolvem o trabalho, da administração das relações sindicais e do avanço da
tecnologia, o núcleo de Administração conseguiu a evolução profissional e
técnica de seu povo e se mantem "antenado".
Em Desenvolvimento as porteiras estão
sempre abertas para ideias e projetos em Treinamento, Recrutamento e Seleção,
Remuneração, Comunicação e Benefícios e temas pertinentes. Com a prática
“aloprada” da reengenharia e de outros gurus da década de 90, organogramas
vieram abaixo. Nem me atrevo a comentar da reengenharia da reengenharia, que
ocorreu alguns anos mais tarde, quando, notadamente, empresários brasileiros
empenharam fortunas para recuperar fortunas empenhadas.
Com essas e outras, as
atividades de Treinamento e Recrutamento e Seleção foram as primeiras a
sofrerem o processo de outsourcing, ou seja, terceirização. Profissionais
dessas áreas, formados em longos anos de batalha diária, tornaram-se ou
empregados de consultoria ou prestadores de serviços para as empresas de
origem. Muitos e bons profissionais de Remuneração também debandaram. A área de
Desenvolvimento ficou reduzida ao mínimo necessário no entender de cada
empresa. Profissionais que antes lidavam com o dia a dia de suas empresas e
desenvolviam suas ideias e seus projetos através de conhecimento próprio e/ou
empírico, pesquisas na web (quando surgiu) e/ou em literatura disponível e
cursos realizados, hoje não mais existem na maioria das empresas.
Em compensação, a disposição do RH para organizar festinhas de celebração
de “tempo de casa”, aniversariantes do mês, confraternização de final de ano
e
convescotes afins continuam a todo vapor
Basta frequentar qualquer rede social
de RH e reparar. Quando o assunto é o entendimento de uma questão legal da área
trabalhista, proliferam participações e troca de opiniões e o interesse em
entender o tema é notório. Muitos debatem e participam.
Agora, basta colocar um tema de
Desenvolvimento para debate que a frequencia de participantes é mínima com um
ou outro comentário e, passados dois, três dias, o assunto morre.
Por que o povo de Desenvolvimento não
debate ou pouco debate?
Mesmo nas redes profissionais taxadas
como de alto nível, os grupos formados no segmento de RH pouco debatem. O que
mais se vê são psicólogas recem formadas e desesperadas pedindo soluções
imediatas para assuntos complexos de gestão de pessoas.
O Conselho Federal de Psicologia
deveria incluir no currículo de formação todos os sub processos de RH. Assim,
quem sabe, diminuiria a “síndrome dos pedintes”. Vemos pedidos simplórios como
“modelo de carta de comunicação de aumento salarial” até “meu chefe mandou
implantar o RH. Como começo?”. A justificativa que agora embasa os pedidos é
para fazer “benchmark”. Pode-se fazer “benchmark” de
modelo de carta?
Há pouco tempo atrás, através de
pesquisas e viagens na web, editei um post resgatando um artigo escrito em 1979
em um Congresso de RH realizado na cidade de Florianópolis, que se repetiria em
1982 na cidade de Goiânia.. O autor do artigo e da palestra é o hoje consultor
César Souza. O título? Vamos demitir o Gerente de RH. Além do título
provocativo, o que César pregava era uma nova postura em gestão de pessoas. Um
novo padrão de gerente e de gestão de RH.
Boa parte das ideias do David Ulrich,
o principal guru de RH estão ali expostas.
Trinta anos atrás.
O que aconteceu com os nossos
profissionais de Desenvolvimento que raramente expõem suas opiniões de maneira
clara e objetiva? Creio que o empobrecimento do RH tem como ator
principal o dirigente que nada exige e/ou desconhece o que poderia ser feito e
como ator coadjuvante o RH passivo que acha ótimo quando o “chefe manda
implantar o RH”.
O núcleo de Desenvolvimento de RH deve ser,
essencialmente, um Facilitador e possuir inteligência aguçada para todas as coisas.
Deve
fazer do conhecimento sua maior competência e estar sempre disposto à aquisição
de novos saberes, à ampliação da criatividade e à percepção de ideias e novas
oportunidades. Novos saberes podem propiciar a reformulação de conhecimentos
anteriores mal estabelecidos.
Deve participar ativamente da ampliação da
competitividade da sua empresa, romper com passados que não retornarão mais,
construir ambientes e cenários favoráveis ao seu crescimento e ao crescimento
coletivo e abandonar comportamentos autoritários.
Deve, ainda, aprender
diariamente com os demais colegas de trabalho, entendendo que a qualidade tem
importância primordial para si e para a empresa.
Deve aproveitar a mesmice e a
escassa literatura e desenvolver novas concepções e metodologias em todos os
sub sistemas de gestão de recursos humanos/pessoas.
Feliz Natal a todos e um ótimo 2018 cheio de boas ideias!
Carlos Alberto de Campos Salles
Consultor de
Recursos Humanos
Autônomo e Sempre
Independente