1. O Cliente detesta pacotes pré-organizados, que sentem
servir para toda e qualquer outra empresa, que não a sua. É como estivéssemos
vendendo, por preço de novo, um produto de 2ª mão - quem gosta? Afinal, todo
Cliente se julga único - e de fato é -, já que assim como não existem doenças,
mas sim doentes, também cada empresa é um universo diferente com suas
peculiaridades, circunstâncias e idiossincrasias.
2. Cada vez mais se fala em sustentabilidade da empresa
mas, também, do fim do emprego e, de certo modo, de sua insustentabilidade. Mas
como administrar tal dilema e de que lado, finalmente, deve ficar o Consultor?
Do lado da empresa que lhe contrata - por vezes objetiva, utilitariamente,
egoisticamente, somente preocupada com seu lucro e sua sobrevivência -, ou do
lado humano, da preocupação social e da justiça e equidade comunitária?
3. Pois até pode-se arriscar algumas respostas
para isso. A primeira é a de se reconhecer, francamente, que talvez não tenha
mais sentido o Pessoal vestir a camisa da empresa e que, bem ao contrário,
agora cada um deve mesmo é vestir sua própria camisa. Ora, o Consultor pode - ou
quem sabe até deve - levar seu cliente-empresa a reconhecer que ela tem uma
responsabilidade social a cumprir e a ser respeitada, que pode, inclusive, se
transformar em vantagem competitiva, ganhando a simpatia e a preferência do
Mercado, dos meios de comunicação...
4. Porquanto já existem, como sabemos, nos States e agora,
até no Brasil, organizações não lucrativas dedicadas à certificação do comportamento
justo, social, humano e ecológico das empresas examinadas, com ótimos
resultados...
5. O Cliente, cada vez mais espera e até exige
resultados. Com isso, será extremamente útil que se possa avaliar e até medir a
resposta à nossa intervenção. Para isso, importante será se sugerir e
implantar, juntamente com o cliente, uma métrica significativa, desde que
aceita e compreendida por quem vai ser avaliado por ela. Por exemplo, se você,
atleta, for corredor da milha, não tem sentido ser avaliado pela altura
alcançada ao saltar de vara, não é mesmo?
6. Todo planejamento bem feito deve de ter embutido
um Plano B, espécie de saída de emergência para incêndio, no caso de nada dar
certo. Só que isso tem de ser programado antes que as coisas aconteçam e se entre
em pânico. Ou seja, o Consultor pode ajudar, embora pareça meio estranho, se
programar o sucesso e, também, o insucesso - é bem mais prudente!
7. O Cliente geralmente não lhe contata quando tudo vai
indo bem, até por achar que não precisa de sua ajuda. No passado recente,
centenas de empresas, que viviam da aplicação no overnight e não de seu
negócio, simplesmente fecharam, com a queda da inflação. Ou seja, quando ainda
podiam não fizeram o dever de casa...
8. Com isso, os Consultores concordaram em que o
bom cliente talvez seja o que não tem (ainda) problemas e, com isso, cabe ao
profissional alertar para essa realidade. Na verdade, já dizia Peter Drucker,
melhor é maximizar o lado positivo da empresa e não se tentar consertar o
negativo - o lado podre da organização -, vamos virar a página!
9. Também não constrói - ponderaram os Consultores -
procurar culpados e punir os que erraram. Inclusive porque toda empresa é um
sistema de inter-relações e os efeitos de uma situação negativa, com frequencia
tem sua causa num espaço e num tempo diferente do que se incrimina.
10. Finalmente, e nisso houve absoluta
unanimidade, todos concordaram que sem o apoio e endosso de quem manda e de
quem é o alvo da mudança, provavelmente nada vai de fato acontecer. Ou ainda,
mais frustrante, parece que as coisas mudam, mas muita precaução porque as
pessoas tendem a voltar aos comportamentos antigos....
Luiz Affonso Romano - Consultor Organizacional
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