quarta-feira, 3 de maio de 2023

Suicídio no Quarto andar!

 


Em 2007, seis trabalhadores da linha de produção do grupo automobilístico francês PSA (Peugeot-Citroen) se suicidaram. O último caso foi o de um trabalhador de cinqüenta e cinco anos, pai de dois filhos e que estava na empresa há vinte e nove anos. Entre os seis um era um engenheiro de computação de apenas 39 anos.

 Bruno Lemerle, do sindicato francês de direita CGT, ao se referir ao caso disse "Hoje domina o individualismo obstinado. Cada funcionário está em competição com o outro. Constantemente com os dirigentes respirando em seu pescoço, os quais estão, por sua vez, também sob pressão. Nas empresas desapareceu qualquer forma de humanidade e não existe nenhum espírito de família nem de amizade". Segundo os sindicatos dos trabalhadores da PSA, há alguns anos domina na empresa um "clima de incerteza", ligado às ameaças de deslocamento e à reestruturação organizacional, além da "concorrência entre os jovens engenheiros e os velhos técnicos".

 Nessa mesma época foi noticiado o vigésimo quarto suicídio, em dezoito meses, na France Telecom, empresa de telefonia de economia mista, com cem mil trabalhadores em toda a França.

 Em 2011 o Tribunal de Apelação de Versailles  determinou em segunda instância que a PSA pague uma indenização à família do engenheiro citado. Outros casos estão sendo julgados e possivelmente seguirão o mesmo caminho.

 A capacidade de permanecer funcionalmente ativo em uma sociedade cada vez mais competitiva exige um ser humano lúcido e emocionalmente estruturado. Atento, cada vez mais, às areias movediças que costumam aparecer no mundo corporativo.

Vivemos o marasmo de conviver sob a mediocridade do individualismo e da concorrência predatória. Muitas empresas, na definição de seus valores, apregoam a competência “Saber trabalhar em Equipe”. Um dos itens de avaliação em entrevistas de seleção e de programas de gestão e avaliação de desempenho é, invariavelmente, “Trabalho em Equipe”.

 Porém, essas mesmas empresas, costumam semear a competição 

e expor seus funcionários ao próprio limite

 Quando surgiu,  reengenharia significava jogar fora os sistemas antigos, começar tudo de novo e inventar uma maneira melhor de fazer o trabalho. O novo perfil de gestão deveria monitorar não apenas o que os gerentes sabem e fazem, mas também, como pensam. Não só a forma como vêem o mundo, mas também, a forma como vivem no mundo.

Diante da explícita necessidade do ser humano “empregado” se fazer presente de forma natural e não caricata, diante de candidatos a emprego cada vez mais marqueteiros, diante da chatice do mundo corporativo cada vez mais depressivo e opressor, diante da expressão “se você não fizer alguém faz” ou “se não está satisfeito a porta é a serventia da casa”, está mais que na hora da área de Gestão de Pessoas quebrar tudo, construir novos cenários e iniciar uma proposta de revisão de conceitos e preconceitos no mundo corporativo, pois alguma coisa está errada. 

Sem extremos de preciosismo e tecnicismo desnecessários. Agora com conhecimento de causa e efeito!

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