sábado, 2 de maio de 2020

O que que o RH quis dizer!

Nos bastidores do mundo corporativo é comum você ouvir que qualquer ação de avaliação de pessoas está sujeita a críticas devido à subjetividade do processo. Quando você ouve nos corredores que os avaliadores dão notas segundo o seu ponto de vista e sua interpretação dos critérios de avaliação e classificação e isso pode gerar injustiças, algo não vai bem. Agora, por que você ouve isso?  Está claro que o RH não cumpriu todas as etapas de formulação e validação do sistema e não realizou uma oficina de trabalho para treinar e desenvolver adequadamente tanto a metodologia quanto os avaliadores.  

Não é incomum que os avaliadores recebam um modelo pronto com informações básicas sobre as competências a serem avaliadas, uma breve descrição e a escala de avaliação. Competências mal descritas geram interpretações diversas. A competência “Capacidade de se adaptar em qualquer ambiente”, por exemplo. Na descrição da competência recebida pelo avaliador não há qualquer destaque objetivo para a expressão “qualquer ambiente”. Aí vem a indagação: “Como vou saber se o José é capaz de se adaptar a diversos ambientes se só foi possível observá-lo em um?". 

Será que o RH não quis dizer que “qualquer ambiente” significa trabalho sob pressão, atendimento à demanda, picos de produção, por exemplo?

A redação de uma competência (fator de avaliação) e suas variantes, em um sistema de avaliação de desempenho, não pode dar margem a qualquer tipo de dúvida ou interpretação.

Por isso, ao formular seu modelo, pense no desenvolvimento de uma cultura voltada para resultados e para o planejamento do crescimento profissional do funcionário.

Agora pense nos objetivos a serem atingidos pelo seu modelo:

Fortalecer as relações dentro das equipes de trabalho e tornar mais clara a contribuição individual esperada,

Incentivar o diálogo da chefia com o subordinado sobre seu desempenho,

Proporcionar às chefias um instrumento de análise global de suas áreas,

Obter informações sobre o comportamento profissional do avaliado durante o seu desempenho no trabalho,

Comparação entre o que se espera e o que foi alcançado,

Identificar necessidades de capacitação e desenvolvimento individual e por área,

Fornecer informações para o sistema de progressão funcional e movimentação de pessoal,

Reconhecer talentos e contribuir para maior integração das necessidades e aspirações do funcionário com os objetivos e aspirações da instituição.

Organize uma oficina de trabalho onde, a área de RH e os Gestores (dotados de profundos conhecimentos da cultura e dos valores da instituição), discutam a metodologia, os critérios de ponderação e o desenho dos questionários. Tal medida visa garantir a legitimidade do modelo, a qualidade do processo e o alinhamento com a natureza e negócio da instituição.

Carlos Alberto de Campos Salles
Consultor de Recursos Humanos
Aposentado e Sempre Independente
São Paulo / SP


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