terça-feira, 28 de junho de 2016

Brincadeira de RH ou RH de brincadeira!

Alguns dias atrás li em uma revista semanal de entretenimento um artigo com o seguinte título: “Brincadeira de RH”. Como o título chamou-me a atenção fui lá bisbilhotar.

O grande perigo para a credibilidade da área é a ânsia pelo novo e pelos modismos de gestão. Além de resultados cada vez mais imediatos, as instituições não perdem tempo na hora de adotar, muitas vezes sem uma avaliação criteriosa, o que acreditam serem soluções promissoras. Não é de hoje que o mundo corporativo é invadido por todo tipo de técnicas de recursos humanos em evidência. Um grupo de funcionários gritando aos quatro cantos expressões de motivação guerreira como “RÁ”, vendedores sendo treinados para se comportarem como pitbulls em busca de clientes, gurus e seus infalíveis manuais de autoajuda (garantimos resultados em apenas um mês) e palestras motivacionais com vencedores das mais variadas competições e esportistas de sucesso.

Programa de treinamento e desenvolvimento ao ar livre já teve seus anos dourados.  Só para lembrar a “novidade”, um dos primeiros programas vivenciais ao ar livre que se tem notícia foi desenvolvido na segunda guerra mundial pela marinha britânica. Tinha como objetivo simular desafios para o desenvolvimento da autoestima e confiança dos fuzileiros navais britânicos. Nada como um final de semana em um hotel fazenda dando as mãos uns aos outros, subindo em árvores, atirando-se na lama, participando de rafting e ouvindo palestras sobre a importância do trabalho em equipe e a superação de desafios. Os gestores devem adorar! O fato é que não raro profissionais de RH de instituições contratantes muitas vezes não sabem como acompanhar e mensurar o efeito desses treinamentos. Nem a consultoria contratada ajuda muito nisso.

Coaching também virou muito popular.  A preocupação é que podem aparecer pessoas sem muita qualificação técnica e profissional que podem empobrecer um processo que deve ser utilizado apenas por um profissional realmente habilitado com ferramentas e metodologias testadas e aprovadas.

Voltando à Brincadeira de RH, a novidade consiste em colocar um grupo de funcionários em uma sala fechada para vasculharem pistas para serem “libertados”. Em inglês chama-se “Escape Games”. Tudo isso em sessenta minutos. Segundo o propósito do programa, é ver como os profissionais se comportam na cena de competição e pressão por resultado. Do lado de fora instrutores e psicólogos acompanham o desafio por meio de monitores. Algumas consultorias oferecem após o final da competição e de imediato, orientação psicológica individual aos participantes a um custo opcional.

Pergunto: o funcionário está fora de seu ambiente de trabalho e de seu espaço de rotinas e iniciativas e sabe que está competindo e sendo avaliado (por isso pode ter um desempenho não habitual). Como pode um psicólogo após uma hora de competição orientar corretamente e diagnosticar um comportamento com fundamentos consistentes. O psicólogo, não por sua culpa, não conhece a empresa, não conhece seus valores e sua missão, não conhece o dia a dia na empresa e, muito menos, conhece a relação chefia/subordinado.

Atividades com equipes ou indivíduos colocados em competição ou para enfrentar desafios, muitas vezes geram situações constrangedoras e chatas.

É bom ressaltar que existem técnicas e/ou profissionais consistentes e de muito bom conteúdo que realmente trazem resultados eficientes tanto no aprimoramento dos funcionários quanto no desempenho das instituições. 

O mais importante em qualquer programa de treinamento e desenvolvimento é o pós treinamento e desenvolvimento. O pessoal de RH deve ficar ocupado em encaminhar ao grupo gestor, relatórios que contenham informações referentes às mudanças proporcionadas pelas atividades de treinamento e desenvolvimento realizadas! Avaliar o que deu certo, o que não deu certo, por que deu certo e por que não deu certo.

 Carlos Alberto de Campos Salles
Consultor de Recursos Humanos
Aposentado e sempre Independente



O maior erro que cometi na vida - Carlos Wizard Martins

Carlos Wizard Martins
Presidente do Mundo Verde

Era 1987. O Brasil era governado pelo Sarney, o plano cruzado rolava solto e a inflação comia o salário dos brasileiros. O povo estava desempregado. Todo mundo quebrando.
E eu queria abrir uma escola de inglês.
Era uma época em que eu trabalhava das oito às dezoito e dava aulas de inglês para amigos em casa depois do expediente. Como a procura tinha aumentado, tinha colocado minha esposa na jogada. E assim, os dois lecionavam a noite. Só que o espaço ficou pequeno e a procura aumentou.
Então, pensei: por que não abrir uma escola de inglês?
Foi quando tive a pior ideia da minha vida – falar com meus amigos.
E o que eu ouvi depois de contar sobre a minha ideia?
Eles disseram que eu estava louco, que aquilo não ia dar futuro. Que eu ia trocar o certo pelo incerto.
Nesse dia eu fui para casa depois dessa injeção de desmotivação e chorei por horas seguidas. Era um grande balde de água gelada.
Eles? Riram. Riram como se dissessem ‘eu sabia que ele ia desistir’. E eles pareciam ter todas as razões para explicar o porquê do meu plano não dar certo.
Hoje quem chora são eles. Choram porque também tinham sonhos e ficaram focados nos fantasmas do medo e nunca deram chances para que esses sonhos ganhassem vida.
Choram porque veem que as aulinhas de inglês que eles caçoavam, renderam 2 bilhões de reais e a maior transação no setor de educação desse país até hoje.
Se você está com uma ideia, um plano, não deixe que o cenário político e econômico te desmotive a continuar. Não dê ouvidos aos exterminadores de sonhos acabem com ele.
Não cometa o mesmo erro que cometi.
Mas, se cometer, não chore por muito tempo. Deixe que os outros chorem por você

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Aprendizado pelo Erro - Ricardo Darín

Tudo está muito condicionado ao resultado. Tudo está muito condicionado à efetividade, ao acerto. Por exemplo, nossas gerações jovens atuais estão condicionadas a uma pressão permanente, que tem sido exercida, voluntária ou involuntariamente, sobre a juventude, no sentido de que devem acertar, devem ser bem-sucedidos em tudo o que fizerem. Eu detesto essa visão.

Detesto a ideia de não poder errar, de não poder aprender com os erros, de não poder falhar, e nos levantarmos, nos recuperarmos e seguir em frente, porque esse é um dos motores do templo humano. Errar. Eu cometo muitos erros, muitos erros.

Sou filho de um casamento entre dois atores, dois bons atores, mas que nunca tiveram sorte. Nunca conseguiram ter estabilidade, sempre com problemas econômicos, o dinheiro nunca chegava ao fim do mês. Para mim, o máximo que eu esperava ter era um trabalho. O resto era absolutamente secundário. E, nesse sentido, eu tive toda a sorte que eles não tiveram. Nunca precisei pedir trabalho. Até porque sou um dos que acreditam que essa é uma profissão em que, lamentavelmente, se você precisa de trabalho, não pode pedir. Basta que se deem conta de que está procurando emprego para não te darem. Nunca tive planos de querer ser fulano ou beltrano. Isso passa às pessoas que veem as coisas de fora. Eu sempre vi a partir da cozinha. Ou seja, não me reconheço ambicioso nesses termos. O que não significa que eu não seja ambicioso. Algo devo ter, porque senão não iria para a frente, não evoluiria. Sempre ri demais desse ofício. Não me podem contar nada de como funciona, ou tentar me explicar o que é a essência de um ator, o que passa na cabeça dele, no corpo, na alma. Como uma família de atores, tivemos muitas oportunidades de viver e experimentar. Sempre fui, e não me canso de dizer, um cara de muita, muita sorte.

Ser ator é uma profissão em que o narcisismo e a egolatria estão em primeira ordem. Chega alguém e diz que você é um fenômeno e você gosta, afinal faz bem para o ego, e começa a acreditar que realmente é um fenômeno. Minha luta sempre foi contra isso. O inimigo número um do ator é o ego, o narciso que temos dentro da gente. Tem que manter esse sujeito com o pé no pescoço e imobilizado no chão, porque, quando ele se levanta, vira um monstro.

Trabalhar com gente de qualidade ajuda a elevar a tua própria qualidade. A responsabilidade pelo meu sucesso está no talento dos profissionais com quem trabalho. Ninguém pode ficar com o prêmio para si mesmo.

( Sites El Clarin, Folha de São Paulo)


sexta-feira, 3 de junho de 2016

Tempos atrás havia uma diversidade cultural e técnica muito grande no universo de RH!

Há uns 15 anos atrás, a área de Recursos Humanos não estava preocupada e nem empenhada em mudar de nome para fortalecer e/ou melhorar sua imagem perante o público interno e/ou para a área de Marketing vender a empresa como uma empresa preocupada em cuidar de sua gente. Quem cuida de gente é o governo!

Há que se falar que no cenário europeu predomina a expressão recursos humanos e os europeus não ficam horas e horas sobre a mesa a discutir o politicamente correto.

Na área pública, o Governo Federal já decidiu essa questão e determinou a nomenclatura a ser utilizada em toda sua esfera: Gestão de Pessoas. É a única expressão coerente para uma mudança.

Tempos atrás havia uma diversidade cultural e técnica muito grande no universo de recursos humanos. A área continha em seus espaços mais tradicionais e não terceirizados, psicólogos, administradores, contadores, pedagogos, assistentes sociais e engenheiros (segurança do trabalho).

Era o pessoal de cargos e salários debatendo com a área de serviço social sobre a valoração dos cargos, eram os psicólogos de recrutamento e seleção trocando ideias na montagem de dinâmicas de grupo e outros processos seletivos, era o engenheiro de segurança do trabalho discutindo com o médico do trabalho, eram as pedagogas da área de treinamento e desenvolvimento buscando apoio para um seminário interno. Era a turma toda envolvida na organização da Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho e das festas de final de ano! A turma toda!

Na contratação de algum serviço de consultoria, seja de remuneração ou desenvolvimento gerencial, por exemplo, o profissional da área envolvida debatia com os consultores sobre exatamente o que era desejado como produto final e resultados esperados.

Essa diversidade propiciava boas e acaloradas discussões e troca de ideias em prol da busca contínua de melhorias. Portanto, não havia uma única língua na área de RH.

Hoje a predominância, tanto na gestão quanto em seus espaços, são profissionais psicólogos. Não venha concluir que tenho algo contra os psicólogos! Pelo contrário!

Ao longo da minha vida profissional, iniciada em Cargos e Salários, aprendi muito com meus pares psicólogos. A ocupação quase que total dos espaços poderia ser com qualquer outra formação acadêmica. O que quero comentar é que a predominância de linguagem não alavanca bons debates, pois a solução de problemas ou a criação de coisas novas, necessariamente vem da mesma formação acadêmica.

A predadora e excessiva terceirização pulverizou tanto a área de RH que desde modelos de cartas de comunicação de aumento salarial até projetos de remuneração variável são solicitados rotineiramente nas redes sociais!

De novo nada contra, mas hoje, quando você se apresenta como sendo da área de RH, a pessoa logo pergunta se você é psicólogo!

A área de RH permite uma infindável busca de coisas novas, experimentos e inovações. Tirando o cumprimento da parte legal, todo processo de criação é permitido desde que você formule, valide e sustente tecnicamente suas ideias. Hoje, na maioria das vezes, sair do lugar comum significa apenas mudar o nome...


"Como podem as rãs discutirem sobre o mar se nunca saíram do brejo? Como poderei falar do céu com o pássaro do verão se está retido em sua estação? Como poderei falar com o sábio sobre a vida se é prisioneiro de sua doutrina?" - Chuang Tsé - IV AC

Carlos Alberto de Campos Salles
Consultor de Recursos Humanos
Independente
Remuneração - Gestão de Desempenho - Competências


quinta-feira, 2 de junho de 2016

O mundo está emburrecendo...

Stephen Charles Kanitz é um consultor de empresas e conferencista brasileiro, mestre em Administração de Empresas da Harvard Business School e bacharel em Contabilidade pela Universidade de São Paulo.

Você já teve a impressão de que seu chefe, seu supervisor ou seus colegas de trabalho estão ficando menos inteligentes a cada ano que passa? E que essa onda está afetando inclusive você? Que o mundo está cada vez mais difícil de entender? Se você está se sentindo cada vez menos inteligente, fique tranquilo, estamos todos emburrecendo a passos largos, inclusive eu. O conhecimento humano está aumentando explosivamente. Antigamente, dizia-se que o conhecimento humano dobrava a cada dezoito meses. Hoje, parece que ele dobra a cada nove. Embora coletivamente o mundo esteja ficando mais inteligente, individualmente estamos ficando cada vez mais burros.

Antigamente, você precisava entender de mecânica para dirigir um carro. Hoje, os computadores são feitos à prova de idiota, graças a Deus! É justamente por isso que sobrevivemos. Equipamentos incorporam conhecimento, e muitas vezes tomam decisões por nós. Por essa Darwin não esperava, pela sobrevivência dos menos inteligentes.

Se você ler três livros por mês, dos 20 aos 50 anos, serão 1.000 livros lidos numa vida, que nem chegam perto dos 40.000 publicados todo ano só no Brasil. Comparado com os 40 milhões de livros catalogados pelo mundo afora, mais 4 bilhões de home pages na internet, teses de doutorado, artigos e documentos espalhados por aí, provavelmente seu conhecimento não passa de 0,0000000000025% do total existente.


Há intelectual que acha que tem o direito de mudar o mundo só porque já leu 5.000 livros. É muita arrogância. A ideia de intelectuais super esclarecidos governando nações hoje não faz o menor sentido, é até perigosa.

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