terça-feira, 25 de janeiro de 2011

País rico oferece mão de obra ao Brasil

Com o apagão de mão de obra intelectual e operacional do nosso país podemos ficar paralisados no tempo e no aguardo de novas gerações, mais qualificadas. Há tempos atrás, li uma informação do Conselho Federal de Engenharia, que de cada cinco jovens que entram nas faculdades de engenharia, quatro desistem ao longo do curso. Em função desse e de outros fatos, estamos em busca de profissionais qualificados pelo mundo afora. Não se trata de nacionalismo barato e sem sentido, mas considero um absurdo esse país, 5ª economia do mundo, não ter a capacidade de formar sua mão de obra qualificada e tão necessária. Em outro plano, o apagão também se estende à formação de pedreiros, carpinteiros, armadores, técnicos em edificação e outros cargos tão necessários na construção civil.  Será que de algumas gerações para cá a safra é intelectualmente insuficiente? Em breve teremos que abrir as fronteiras para toda e qualquer formação de trabalhadores!

Artigo Folha de São Paulo - 23 de janeiro de 2010

Governos e entidades de classe do exterior contatam empresários no país para tentar enviar trabalhadores qualificados - Desenvolvimento faz intermediação de alguns encontros - vinda de profissionais esbarra em custo e burocracia.

 Sheila D'Amorim

Com a falta de mão de obra qualificada no Brasil e o excesso de profissionais sem emprego nos países ricos em razão da crise, governos e entidades de classe do exterior têm contatado empresários e associações de engenheiros e arquitetos nacionais para oferecer trabalhadores.

O MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) faz a intermediação de alguns desses encontros, como aconteceu em novembro, com representantes dos Estados Unidos. Outros estão sendo feitos diretamente.

Reunidos na Embaixada dos Estados Unidos em Brasília, a convite do MDIC, empresários assistiram a uma exposição por videoconferência sobre o perfil e a qualificação das empresas americanas na área de arquitetura e engenharia.

"Eles mostraram que têm ociosidade e capacidade para trazer profissionais e empresas para trabalhar aqui", disse José Carlos Martins, vice-presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), que participou do encontro.

CRISE

"Em razão da crise lá fora, há interesse brutal desses profissionais em vir para cá", afirmou Marcos Túlio de Melo, presidente do Confea (Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia), também presente ao encontro.

Dos brasileiros os estrangeiros ouviram detalhamento dos investimentos previstos nas áreas de energia, transporte, habitação e saneamento, além do passo a passo de um longo e caro processo para validar diplomas e obter autorização para trabalhar no país.

O tempo pode chegar a oitos meses, e o custo, passar de R$ 15 mil.

A fila de espera para entrada no país inclui engenheiros e arquitetos americanos, espanhóis, italianos, portugueses e ingleses, além de chilenos e argentinos.

CONTRAPARTIDAS

Para o Brasil, encurtar esse processo depende de contrapartidas. Representantes dos trabalhadores querem aproveitar o interesse e abrir oportunidades para brasileiros nesses países ricos.

"Eles tiveram seu momento de expansão e não flexibilizaram [regras] para a gente. Pode ser feito um acordo bilateral de longo prazo. Hoje, a gente não consegue entrar no mercado europeu", disse Melo, que já se reuniu com representantes dos EUA, da Espanha, do Chile e de Portugal e aguarda um encontro formal com o Reino Unido.

"Queremos contrapartidas e aguardamos manifestação deles", disse. Segundo ele, o número de pedidos de registro de estrangeiros triplicou em 2010.

Procurado por representantes da Itália, da Espanha e da Argentina, o presidente do Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) do Paraná, Álvaro Cabrini, disse que todos ficaram de formalizar os pedidos, "mas até agora não chegou nada".

"Tenho recebido pedidos para validar diplomas de engenheiros, mas do Mercosul, principalmente, da Argentina."

Em novembro do ano passado, ele se reuniu com o cônsul argentino para negociar um acordo bilateral que simplifique o processo de entrada no Brasil.

"O Confea exige tradução do diploma, o que tem um custo de R$ 8.000 a R$ 15 mil. Podemos abrir mão disso, já que, no processo, uma universidade já validou o diploma. Isso facilita o trânsito."

Mas diz que "há resistências da Argentina em receber profissionais brasileiros".

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