quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Vijay Govindarajan: Os 10 mitos mais comuns sobre inovação


Os 10 mitos mais comuns sobre inovação que devemos ter cuidado, segundo Vijay Govindarajan, consultor indiano, estão contidos em sua obra “The Other Side of Innovation: Solving the Execution Challenge”.

O fundamento estabelece que grande parte das pessoas entende inovação como algo relacionado somente à geração de idéias.

Para ele, a geração de idéias está na extremidade direita do processo de inovação, trata-se da parte glamourosa e energizante. Já a execução aparece nos bastidores, trata-se do “trabalho sujo”, mas que sem um processo de execução, grandes idéias irão a lugar nenhum, mesmo em empresas start-ups.

Relaciono e comento abaixo os 10 mitos mais comuns sobre inovação apresentados pelos autores:

- Inovação é totalmente relacionado a ideias: Esse mito é bastante conhecido e se alguém ainda pensa assim, precisa rever urgentemente seus conceitos. Geração de ideias é apenas o início do processo. Trata-se apenas da ponta do iceberg. Claro, sem ideias não é possível inovar, mas não é o bastante. É preciso atenção, disciplina e os recursos para que as ideias transformem-se em inovações. Como diz o consultor Stephen Kanitz, não basta ter iniciativa (ideia), tem que ter acabativa (inovação).

- Um grande líder nunca falhará ao inovar: quando a ideia, que possibilitará a inovação, surge, é preciso entender que o processo de execução não é nada simples. Haverá conflitos por compartilhamento de recursos com as operações em andamento. É o chamado “Dilema da Inovação”. Um líder, por mais empreendedor que ele seja, necessitará de apoio organizacional para enfrentar conflitos como esse.

- Líderes inovadores efetivos são subversivos lutando contra o sistema: líderes inovadores efetivos não são necessariamente aqueles que mais assumem riscos ou rebeldes. A virtude principal de um líder inovador eficaz é a humildade. O que você quer é a integração com as operações do mundo real, não uma bagunça indisciplinada e caótica. Entendo que você deve procurar ter uma equipe equilibrada, desde que esse não seja um equilíbrio estável, mas sim dinâmico. Afinal de contas, o equilíbrio extremo também é prejudicial e inovar também significa ter os pés no chão.

- Qualquer um poder ser um inovador: também, outro mito. Nem todo mundo está disposto a correr riscos. Muitos, simplesmente, não tem o menor interesse em inovar. Preferem ficar em suas ‘zonas de confortos’ a ter que aumentar suas ‘zonas de esforços’ em busca de grandes inovações e realizações.

- A inovação real acontece de baixo para cima: qualquer iniciativa de inovação, independentemente do nível organizacional de onde ela tenha surgido, exige um compromisso formal de toda a cadeia administrativa. Além de exigir a atenção e os recursos patrocinados pelos executivos da alta administração, é preciso ter uma infraestrutura organizacional que favoreça a experimentação e o aprendizado com o processo de inovação. Não basta o apoio unicamente do ‘Top-down‘ ou do tipo ‘Bottom-up‘, é preciso apoio vindo de todos os lados.

- Inovação pode ser incorporada dentro de uma organização já estabelecida: está claro aqui o pensamento do consultor Vijay Govindarajan. Quem já assistiu alguma palestra dele, sabe que ele defende que é impossível gerar inovação descontínua competindo pelos mesmos recursos com operações contínuas que estão em andamento na organização. Segundo Vijay, a inovação descontínua é simplesmente incompatível com operações em curso. Ele defende que equipes sejam apartadas de forma a dedicar-se totalmente a esse processo (assunto do próximo mito);

- Implantar inovação requer uma mudança organizacional completa: o que se espera é que a inovação seja um alvo. Para isso é preciso respeitar as operações existentes. Uma abordagem que o consultor Vijay Govindarajan defende é que sejam utilizadas equipes dedicadas a estruturar esforços inovadores;

- Inovação somente ocorre em esforços isolados: a inovação não deve ser isolada das operações em curso. Deve haver uma conexão entre os dois. Quase toda a iniciativa de inovação de valor precisa alavancar recursos e capacidades existentes;

- A inovação é um caos incontrolável: mais uma vez é importante analisarmos de forma separada o processo de geração de idéias e o processo de execução da inovação. A geração de idéias tem maior facilidade de surgirem em ambientes caóticos e que favoreçam o surgimento da criatividade. O mesmo não pode ser aplicado ao processo de execução da inovação, pois é um processo que deve ser acompanhado de perto e cuidadosamente gerido;

- Somente empresas start-ups podem inovar: aqui vem uma boa notícia para empresas mais antigas e que atualmente tem dificuldades para inovar devido a velhos vícios. Apesar de alguns empresários estarem convencidos de que só é possível inovar através de aquisição empresas start-ups, a pesquisa sugere que muitos dos maiores problemas que o mundo enfrenta só poderão ser resolvidos por grandes empresas estabelecidas.

Como podemos constatar através dos mitos acima apresentados, não existem respostas absolutas e definitivas no mundo empresarial e da gestão. O processo de inovação requer constância de propósitos e estrutura organizacional que permita o surgimento e a execução da inovação, principalmente no que diz respeito a experimentação e o processo de aprendizado, pois, como já escrevi em post anterior, é preciso tentar e, se errar, aprender e refletir.

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