Fonte/Blog: http://marcelao.wordpress.com/
Os 10 mitos mais comuns sobre inovação que devemos ter cuidado, segundo Vijay Govindarajan, consultor indiano, estão contidos em sua obra “The Other Side of Innovation: Solving the Execution Challenge”.
O fundamento estabelece que grande parte das pessoas entende inovação como algo relacionado somente à geração de idéias.
Para ele, a geração de idéias está na extremidade direita do processo de inovação, trata-se da parte glamourosa e energizante. Já a execução aparece nos bastidores, trata-se do “trabalho sujo”, mas que sem um processo de execução, grandes idéias irão a lugar nenhum, mesmo em empresas start-ups.
Relaciono e comento abaixo os 10 mitos mais comuns sobre inovação apresentados pelos autores:
- Inovação é totalmente relacionado a ideias: Esse mito é bastante conhecido e se alguém ainda pensa assim, precisa rever urgentemente seus conceitos. Geração de ideias é apenas o início do processo. Trata-se apenas da ponta do iceberg. Claro, sem ideias não é possível inovar, mas não é o bastante. É preciso atenção, disciplina e os recursos para que as ideias transformem-se em inovações. Como diz o consultor Stephen Kanitz, não basta ter iniciativa (ideia), tem que ter acabativa (inovação).
- Um grande líder nunca falhará ao inovar: quando a ideia, que possibilitará a inovação, surge, é preciso entender que o processo de execução não é nada simples. Haverá conflitos por compartilhamento de recursos com as operações em andamento. É o chamado “Dilema da Inovação”. Um líder, por mais empreendedor que ele seja, necessitará de apoio organizacional para enfrentar conflitos como esse.
- Líderes inovadores efetivos são subversivos lutando contra o sistema: líderes inovadores efetivos não são necessariamente aqueles que mais assumem riscos ou rebeldes. A virtude principal de um líder inovador eficaz é a humildade. O que você quer é a integração com as operações do mundo real, não uma bagunça indisciplinada e caótica. Entendo que você deve procurar ter uma equipe equilibrada, desde que esse não seja um equilíbrio estável, mas sim dinâmico. Afinal de contas, o equilíbrio extremo também é prejudicial e inovar também significa ter os pés no chão.
- Qualquer um poder ser um inovador: também, outro mito. Nem todo mundo está disposto a correr riscos. Muitos, simplesmente, não tem o menor interesse em inovar. Preferem ficar em suas ‘zonas de confortos’ a ter que aumentar suas ‘zonas de esforços’ em busca de grandes inovações e realizações.
- A inovação real acontece de baixo para cima: qualquer iniciativa de inovação, independentemente do nível organizacional de onde ela tenha surgido, exige um compromisso formal de toda a cadeia administrativa. Além de exigir a atenção e os recursos patrocinados pelos executivos da alta administração, é preciso ter uma infraestrutura organizacional que favoreça a experimentação e o aprendizado com o processo de inovação. Não basta o apoio unicamente do ‘Top-down‘ ou do tipo ‘Bottom-up‘, é preciso apoio vindo de todos os lados.
- Inovação pode ser incorporada dentro de uma organização já estabelecida: está claro aqui o pensamento do consultor Vijay Govindarajan. Quem já assistiu alguma palestra dele, sabe que ele defende que é impossível gerar inovação descontínua competindo pelos mesmos recursos com operações contínuas que estão em andamento na organização. Segundo Vijay, a inovação descontínua é simplesmente incompatível com operações em curso. Ele defende que equipes sejam apartadas de forma a dedicar-se totalmente a esse processo (assunto do próximo mito);
- Implantar inovação requer uma mudança organizacional completa: o que se espera é que a inovação seja um alvo. Para isso é preciso respeitar as operações existentes. Uma abordagem que o consultor Vijay Govindarajan defende é que sejam utilizadas equipes dedicadas a estruturar esforços inovadores;
- Inovação somente ocorre em esforços isolados: a inovação não deve ser isolada das operações em curso. Deve haver uma conexão entre os dois. Quase toda a iniciativa de inovação de valor precisa alavancar recursos e capacidades existentes;
- A inovação é um caos incontrolável: mais uma vez é importante analisarmos de forma separada o processo de geração de idéias e o processo de execução da inovação. A geração de idéias tem maior facilidade de surgirem em ambientes caóticos e que favoreçam o surgimento da criatividade. O mesmo não pode ser aplicado ao processo de execução da inovação, pois é um processo que deve ser acompanhado de perto e cuidadosamente gerido;
- Somente empresas start-ups podem inovar: aqui vem uma boa notícia para empresas mais antigas e que atualmente tem dificuldades para inovar devido a velhos vícios. Apesar de alguns empresários estarem convencidos de que só é possível inovar através de aquisição empresas start-ups, a pesquisa sugere que muitos dos maiores problemas que o mundo enfrenta só poderão ser resolvidos por grandes empresas estabelecidas.
Como podemos constatar através dos mitos acima apresentados, não existem respostas absolutas e definitivas no mundo empresarial e da gestão. O processo de inovação requer constância de propósitos e estrutura organizacional que permita o surgimento e a execução da inovação, principalmente no que diz respeito a experimentação e o processo de aprendizado, pois, como já escrevi em post anterior, é preciso tentar e, se errar, aprender e refletir.
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