Você acaba de entrar no pacote de
demissões acertado com o Sindicato, pois sua empresa está passando por uma
crise ou por uma reestruturação. Depois da comoção, os que ficaram ti abraçam,
lamentam e desejam-lhe boa sorte. Depois de dez anos, você trocou seu cartão de
visitas por mais seis meses de assistência médica.
“Nós que amávamos
tanto a empresa”
Depois de algumas semanas a vida
segue na empresa e já pararam de falar nas demissões e de você. Dois ou três
colegas de trabalho ficaram seus amigos nesses dez anos. Na procura do novo
emprego, seus colegas de trabalho, que saíram junto com você, de vez em quando
marcam um café da manhã em uma padaria para troca de ideias e lembrar com
saudades da ex empresa.
“Nós que fomos tão
sacaneados”
Pare e reflita. Empresas são
entidades jurídicas que não devem ser exaltadas, mas sim, respeitadas como
empregador. Ela cumpre seu papel e você cumpre o seu.
Ao invés de sair por aí exaltando
“sua” poderosa empreiteira, “seu” renomado Banco ou “sua” conceituada
metalúrgica, apenas respeite-a como empregador.
Empresas não cuidam
de gente!
Cuidam de trabalhadores que são
remunerados em troca de produção e serviços em conformidade com os padrões de
qualidade determinados. Os trabalhadores devem cumprir bem seu papel. Cuidar de
gente é slogan de campanha política. Melhor lugar para trabalhar (great place
to work) é campanha institucional de marketing, enquanto a empresa não é
afetada por alguma turbulência.
Dentro da realidade empresarial,
as pessoas serão sempre recursos. Queiram ou não. O RH tem como missão
contribuir na construção de cenários que contemplem sua motivação e o seu
desenvolvimento pessoal e profissional.
O Gestor de RH
trabalha para o capital, deve agregar valor à empresa e não é seu amigo
Agora você vai a uma entrevista para
um novo trabalho. Ao novo “patrão” só interessa conhecer e ouvir o
que você fez no passado e o que você pode fazer e fará no futuro.
No mundo corporativo, o seu passado
de vitórias e conquistas, primeiro, só interessa ao museu de sua estória.
Segundo, esse momento já foi! O passado de vitórias e conquistas aconteceu em
outras circunstâncias, em outro cenário econômico e social, em outro cenário de
tecnologia e em outro cenário de recursos disponíveis. Principalmente, em outra
faixa etária e com outros concorrentes!
O novo “patrão” só quer saber como
resolverá os problemas imediatos de gestão, como atingirá as metas
organizacionais determinadas, como mediará relações sindicais, como irá atuar
nos processos de gestão de pessoas e por aí vai.
Está mais que na hora de parar de
pensar em voltar a trabalhar na ex empresa. Uma vez que você entra em um
projeto de “volta”, você não fica nem aqui e nem ali. Fica solto e sem foco.
Não se desenvolve no momento atual e, muito menos, consegue efetivar a
sua volta.
A cada dia enfrentamos e vivemos
novas experiências e essas experiências nos trazem diferentes momentos. O
conteúdo de um rio é sua água, seu leito e sua nascente, reabastecido com
chuvas e temporais. Sem esse conteúdo nada mais existiria senão sua secura. O
conteúdo de um ser humano são os conhecimentos, as habilidades e as atitudes,
reabastecidos regularmente com o exercício do aprendizado, da prática e da
certificação. Da humildade do reaprendendo a aprender. Do saber lidar com o
novo. Com o inusitado.
Guarde o cartão de visitas da ex
empresa como lembrança e saia em busca de uma nova estória para sua vida!
Agora, já!