Quando
se encerra um evento de repercussão, seja de qualquer modalidade, alguns
autores logo saem com artigos sobre “o que você pode aprender com este ou
aquele evento”. Pois é. Eu não quero escrever sobre isso.
O que eu quero é escrever sobre os
brasileiros anônimos em termos de mídia, marketing e badalação em geral. Quero
escrever sobre aqueles que você nunca ouviu falar e agora são seus amigos de
infância. Iguais àqueles que enviam currículos ou fazem entrevistas e quase
nunca obtém respostas posteriores. Candidatos definidos como “não
aproveitáveis” logo no primeiro olhar de um entrevistador inexperiente ou
preconceituoso. Mesmo com uma boa experiência de campo. Descartados apenas pelo
nome da instituição de ensino frequentada ou do bairro onde moram. Candidatos
sem grife. Não possuem o trade mark determinado. Candidatos não percebidos. Passando
por uma avaliação segura e bem feita, podem apresentar um forte potencial de
desempenho, potencial este, obtido por sua própria estória de vida, repleta de
desafios superados. Mas acabam sendo invisíveis aos olhos nus.
Nem
só de grifes acadêmicas, títulos obtidos e horas e mais horas de estudos de
seus colaboradores, sobrevive uma empresa. As equipes devem ser mescladas com
pensadores e viabilizadores. Viabilizadores que frequentam o chão de fábrica e
os corredores da administração ou botam a bota no barro dos canteiros de obras.
A harmonia e o perfeito equilíbrio da eficácia (viabilizadores) com a
eficiência (pensadores) é fundamental em qualquer processo que busque um mínimo
de sucesso.
Alguns de nossos medalhistas, ao longo
dos períodos de treinamento e preparação (últimos quatro anos), obtiveram mais
recursos técnicos e financeiros do que os outros. Isso devido à própria
estrutura familiar e/ou patrocínios e campanhas publicitárias. Isso não é
nenhum demérito. Longe disso. Isso se chama uma relação de oportunidade com
talento. Porém, alguns atletas, medalhistas ou não, teriam poucas chances de
demonstrar suas competências, habilidades e atitudes em uma simples entrevista
ou numa lida rápida de currículos. Sabemos disso.
Quantos josés e marias bateram e/ou
continuam batendo à sua porta e você nem percebe que são medalhistas para sua
empresa?
Carlos Alberto de Campos Salles
Consultor de Recursos Humanos
Independente
Remuneração - Gestão de Desempenho - Competências