quarta-feira, 31 de maio de 2023

Guarde seu cartão de visitas da ex empresa como lembrança e saia em busca de uma nova estória para sua vida!

 


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Você acaba de entrar no pacote de demissões acertado com o Sindicato, pois sua empresa está passando por uma crise. Depois da comoção, os que ficaram abraçam, lamentam e desejam-lhe boa sorte. Depois de dez anos você trocou seu cartão de visitas por mais seis meses de assistência médica.

Depois de algumas semanas a vida segue na empresa. Já pararam de falar nas demissões, de você e de outros colegas de trabalho.  Dois ou três colegas de trabalho ficaram seus amigos nesses dez anos.

Na procura do novo emprego, os que saíram junto com você, de vez em quando marcam um café da manhã em uma padaria para troca de ideias e lembrar com saudades da ex empresa. Pode parar meu amigo! Aí que mora o perigo!

 Pare e reflita!

Empresas são entidades jurídicas que não devem ser exaltadas, mas sim, respeitadas como empregador. Ela cumpre seu papel e você cumpre o seu. Só isso interessa a ambas as partes.

Quando estava empregado e tudo correndo bem, você costumava sair por aí exaltando “sua” poderosa empreiteira, “seu” renomado Banco ou “sua” conceituada metalúrgica. De que valeu?

Deveria apenas tê-la respeitado como empregador. Empresas não cuidam de gente e o RH não é seu amigo. O RH pode e deve é contribuir na construção de cenários que contemplem a motivação e o seu desenvolvimento pessoal e profissional.

Empresas cuidam de trabalhadores que são remunerados em troca de produção e serviços em conformidade com os padrões de qualidade determinados.

Agora em busca de um novo trabalho, você vai a uma entrevista e ao possível “patrão” só interessa conhecer e ouvir o que você fez no passado e o que você poderá fazer e fará no futuro.

O novo “patrão” só quer saber como resolverá os problemas imediatos de gestão, como atingirá as metas organizacionais determinadas, como mediará relações sindicais, como irá atuar nos processos de gestão de pessoas e por aí vai.


quinta-feira, 4 de maio de 2023

Como deve se chamar a área que cuida de gente?




Pesquisas realizadas com certa regularidade pelas revistas de negócios e carreiras do tipo “As cem melhores empresas para se trabalhar”, mostram que muitas empresas sobem ou descem das melhores colocações. Algumas vão perdendo seu posto até que somem das melhores.

 Que conclusão pode-se tirar disso tudo? Processos de Gestão pura e simplesmente?

A percepção do ser humano em relação às coisas que o cercam, hoje em dia, influenciada pela mídia, pela pressão corporativa, pelo momento pessoal e/ou profissional, pela internet, pelo mundo globalizado, pode mudar rapidamente, tornando tudo à sua volta chato e depressivo.

Como deve se chamar a área que cuida de gente? Primeiro, as empresas não cuidam de gente. Cuidam de trabalhadores que são remunerados em troca de produção e serviços em conformidade com os padrões de qualidade determinados pela empresa. Os trabalhadores devem cumprir bem seu papel. Cuidar de Gente é slogan de campanha política. 

Gestão de Pessoas, Gestão de Talentos, Gestão de Desenvolvimento Humano, Gestão do Capital Humano, Diretoria de Gente e Gestão, Diretoria de Pessoas e Organização, gestão disso, gestão daquilo. Só a nomenclatura Gestão de Pessoas é convincente e objetiva. As demais são variações em torno de um mesmo tema. Samba de uma nota só. Serve apenas para a prática do endomarketing.

Até um tempo atrás, dizia-se que empregado trabalhava para a área privada e que funcionário ou servidor, trabalhava para a área pública. Hoje vemos a utilização das mais variadas nomenclaturas tais como talentos, integrantes, colaboradores, parceiros e, para não ficar atrás, na área pública se discute se o correto é servidor público ou servidor do público. Há algum tempo atrás, ouvi de um Consultor, quando perguntado qual a nomenclatura ideal para se tratar as pessoas, o mesmo disse “empregado”, para espanto do entrevistador. Disse mais, Colaborador é quem paga dízimo para a igreja!

Gestão de Talentos é a nomenclatura mais infantil do mundo corporativo.  Presume-se que na empresa só existam talentos. Qual será o discurso da empresa ao ter que dispensar uma leva de talentos? Gestão voltada para retenção de talentos é outra coisa. Cria-se um projeto interno para identificar, desenvolver e reter trabalhadores com potencial de crescimento profissional e pessoal e de interesse para a empresa. Isso é verdadeiro.

 Não importa o nome que dêem à área, o fato é que, dentro da realidade empresarial, as pessoas serão sempre recursos. O Gestor de Pessoas trabalha para o capital e deve agregar valor à empresa.

 

 

quarta-feira, 3 de maio de 2023

Suicídio no Quarto andar!

 


Em 2007, seis trabalhadores da linha de produção do grupo automobilístico francês PSA (Peugeot-Citroen) se suicidaram. O último caso foi o de um trabalhador de cinqüenta e cinco anos, pai de dois filhos e que estava na empresa há vinte e nove anos. Entre os seis um era um engenheiro de computação de apenas 39 anos.

 Bruno Lemerle, do sindicato francês de direita CGT, ao se referir ao caso disse "Hoje domina o individualismo obstinado. Cada funcionário está em competição com o outro. Constantemente com os dirigentes respirando em seu pescoço, os quais estão, por sua vez, também sob pressão. Nas empresas desapareceu qualquer forma de humanidade e não existe nenhum espírito de família nem de amizade". Segundo os sindicatos dos trabalhadores da PSA, há alguns anos domina na empresa um "clima de incerteza", ligado às ameaças de deslocamento e à reestruturação organizacional, além da "concorrência entre os jovens engenheiros e os velhos técnicos".

 Nessa mesma época foi noticiado o vigésimo quarto suicídio, em dezoito meses, na France Telecom, empresa de telefonia de economia mista, com cem mil trabalhadores em toda a França.

 Em 2011 o Tribunal de Apelação de Versailles  determinou em segunda instância que a PSA pague uma indenização à família do engenheiro citado. Outros casos estão sendo julgados e possivelmente seguirão o mesmo caminho.

 A capacidade de permanecer funcionalmente ativo em uma sociedade cada vez mais competitiva exige um ser humano lúcido e emocionalmente estruturado. Atento, cada vez mais, às areias movediças que costumam aparecer no mundo corporativo.

Vivemos o marasmo de conviver sob a mediocridade do individualismo e da concorrência predatória. Muitas empresas, na definição de seus valores, apregoam a competência “Saber trabalhar em Equipe”. Um dos itens de avaliação em entrevistas de seleção e de programas de gestão e avaliação de desempenho é, invariavelmente, “Trabalho em Equipe”.

 Porém, essas mesmas empresas, costumam semear a competição 

e expor seus funcionários ao próprio limite

 Quando surgiu,  reengenharia significava jogar fora os sistemas antigos, começar tudo de novo e inventar uma maneira melhor de fazer o trabalho. O novo perfil de gestão deveria monitorar não apenas o que os gerentes sabem e fazem, mas também, como pensam. Não só a forma como vêem o mundo, mas também, a forma como vivem no mundo.

Diante da explícita necessidade do ser humano “empregado” se fazer presente de forma natural e não caricata, diante de candidatos a emprego cada vez mais marqueteiros, diante da chatice do mundo corporativo cada vez mais depressivo e opressor, diante da expressão “se você não fizer alguém faz” ou “se não está satisfeito a porta é a serventia da casa”, está mais que na hora da área de Gestão de Pessoas quebrar tudo, construir novos cenários e iniciar uma proposta de revisão de conceitos e preconceitos no mundo corporativo, pois alguma coisa está errada. 

Sem extremos de preciosismo e tecnicismo desnecessários. Agora com conhecimento de causa e efeito!