Tempos atrás ao ler um artigo semelhante fiquei a pensar em situações
que vivi tanto no mundo corporativo quanto em meus trabalhos de Consultor.
Em épocas de mudanças estruturais ou turbulências de mercado empresas
aproveitam para em nome disso ou daquilo promoverem uma onda de demissões.
Antigamente o que você faria? Toca a procurar emprego preferencialmente em sua
antiga área de atuação. De alguns anos para cá, além dessa perspectiva, as
pessoas tem um cenário de empreendedorismo em qualquer segmento ou atuar como
Consultor focado na sua expertise principal.
Falando de Recursos Humanos, minha área de origem, competentes
profissionais tornaram-se consultores ou abriram uma consultoria e vivem de sua
capacidade técnica e rede de relacionamentos. Nos anos 90 o pessoal de
Recrutamento e Seleção e de Treinamento e Desenvolvimento foram os primeiros a
se virarem por conta própria. Bem mais tarde, outras áreas de RH também começaram
a sumir das empresas e seus serviços contratados como prestadores. Nos anos
2000 começou a contratação de profissionais, recém formados ou não, em
Psicologia, para gerenciar a área com liberdade para contratar consultores
quando a demanda necessitar. Ótimo cenário para a competência terceira!
Nas empresas ditas top de linha, você Consultor se orgulha de ter sido
contratado para um grande projeto em sua expertise. O pessoal que ti contratou
o trata muito bem e lhe dá todo apoio para desenvolver seus trabalhos. Porém,
não é incomum, um grupo de profissionais mais jovens que você com os quais você
tem que interagir subestimarem sua presença e não lhe dar muita atenção. Mas
você se vira bem com ou sem eles. Conheci muita gente empedernida e presunçosa que
quando as empresas em que trabalhavam sucumbiram por motivos diversos, caíram
juntos e se tornaram humildes profissionais à procura de emprego.
Agora você pensa, “como deve ser bom trabalhar em uma consultoria de RH
com tantos profissionais criativos, solucionadores de problemas e mediadores de
conflitos”. Afinal, se resolvem e corrigem todos os males do mundo corporativo,
na própria casa não poderia ser diferente!
Pelas minhas andanças por aí, desde que me tornei Consultor, convivi
e/ou trabalhei com muitos consultores e consultorias de respeito. Também
frequentei ambientes, que vi no dia a dia, com certa regularidade,
comportamentos contrários aos produtos que vendem ao lidar com suas equipes
e/ou colegas de trabalho em um ou outro projeto conjunto. Provavelmente nas
empresas de origem, agissem assim.
Por que praticar a desconfiança, falta de diálogo, ausência de feedback,
terrorismo interno, intolerância, imposição de comportamento? Tudo isso em nome
da sobrevivência que você, consultor líder ou proprietário, tanto teme.
Eu penso que a partir do momento que uma consultoria expõe em sua
página, a relação de clientes, ninguém irá “roubar seus clientes” a menos que
sua capacidade técnica se evapore.