Tempos atrás li
em uma rede social uma postagem de um palestrante que dizia mais ou menos
assim: "Você tem que ser sempre o primeiro, o segundo lugar não vale nada,
o segundo lugar significa o primeiro dos perdedores, nunca se conforme com o
segundo lugar, seja sempre o vencedor". Essas palavras vinham acompanhadas
da foto do palestrante em ação em uma de suas palestras.
Assistir uma
palestra motivacional com esse teor de agressividade pode surtir um efeito
contrário ao que você vem buscando. Há uns malucos que os RH´s costumam
contratar, para animar a equipe de vendas, que, aos berros, mandam o povo
explodir a garganta gritando Rááááá ou tentam transformá-los em cães de guerra para
assediar a clientada.
Nessa hora
lembro o Renato Russo – Quem me dera ao menos uma vez o mais simples fosse
visto como o mais importante!
O princípio do
vencedor é um dos baluartes da sociedade americana e, tecnicamente, só vale
quem ganha. Essa é uma das razões porque o futebol não faz muito sucesso por
lá. O regulamento da FIFA destaca que pode ocorrer “empate”, portanto há jogos
sem vencedores e isso não serve lá. Sempre tem que haver um ganhador.
Outro exemplo
são os filmes de Hollywood. Os soldados americanos que perderam a guerra do
Vietnã, na qual muitos morreram, não foram vistos com bons olhos e nem bem
recebidos quando acabou a guerra. Bom exemplo é o primeiro filme
da série Rambo e Franco Atirador (importante associar o ano em que os filmes
foram feitos).
Logo após a
crise financeira dos Estados Unidos, em 2008, que começou com a quebra do Banco
Lehman Brothers, um articulista de lá escreveu um artigo abordando a influência
dos gurus e dos livros de auto ajuda na quebradeira geral.
Pode ser que o
cara viajou um pouco, mas tem seu fundamento. Dizia que, de tanto ouvir falar
"Você pode", "Você tem competência", “Você tem que pensar
como vencedor", "Você tem que sempre pensar grande", “Você
merece" e por aí vai, muitos e muitos americanos partiram para a compra
generalizada de imóveis e veículos. Hipotecava um e comprava outro e trocava de
veículo como se fosse a compra de uma nova camisa. O final dessa estória você
já sabe. Observo que em nosso país essa estória está apenas começando.
Concordo que é
estimulante assistir palestras motivacionais de esportistas vencedores em suas
áreas de atuação. A psicologia nos ensina que é comum a projeção da realização
pessoal através do sucesso dos nossos ídolos. Porém, lembre-se que pode bastar
apenas uma derrota, para que toda a construção de sua carreira de sucesso venha
abaixo, não importando suas vitórias passadas. "Foi excelente em todos os
jogos do campeonato, porém sofreu um gol no jogo decisivo". Muitas
carreiras de bons goleiros terminam assim.
A agenda de
palestras do técnico da seleção brasileira, que perdeu a copa da Alemanha, Parreira,
ficou vazia e seu livro escrito alguns meses antes da Copa, “Como forjar uma
equipe de Campeões”, encalhou nas livrarias.
Esportistas que
faziam muitas palestras motivacionais tempos atrás, quando começaram a perder,
deixaram os palcos.
Uma carreira não
pode ser esquecida por causa de uma derrota, por causa de um segundo lugar ou
por causa de uma promoção que não saiu. Vencedor é só um. Se sua empresa tem
dez gerentes, são só dez gerentes. Se tem cinco diretores, são só cinco
diretores. Continue feliz fazendo o que gosta e continue fazendo bem feito.
Procure não se
iludir com palestras que apontam sempre para sonhos que não são seus ou,
simplesmente, que não existem!
Carlos Alberto de Campos Salles
Consultor de Recursos Humanos
Independente
Remuneração - Gestão de Desempenho - Competências