Este artigo foi postado no começo de março de 2009 aproveitando a "volta às aulas".
Julgo oportuno uma releitura com nova visão e com o aprendizado decorrente dos dois últimos anos.
Emílio Odebrecht - Folha de São Paulo - 01/03/2009
Nesse sentido, as universidades precisam formar indivíduos críticos, capazes de conferirem riqueza, inovação e versatilidades às organizações que os atraiam, enquanto, simultaneamente, concretizam os planos de vida e de carreira que formularam para si próprios. Indivíduos que não tenham uma atitude passiva perante a própria história, porque o emprego e o salário cada vez mais deixarão de existir.
A nova economia não admite nem assalariados nem patrões. As empresas estão em busca de empresários dos conhecimentos, das habilidades e das competências que dominam, capazes de fazer acontecer, exercendo a liberdade com responsabilidade.
Isso significa que as oportunidades de trabalho estarão reservadas para quem tenha sido preparado não para obedecer ordens, mas para conquistar e satisfazer clientes e, como autêntico parceiro, se autorremunerar por meio de parte dos resultados que produzir.
Os resultados gerados têm que ser maiores do que as necessidades de sobrevivência da empresa e de quem os gerou, de modo que o excedente possa servir ao crescimento de ambos e à criação de novas oportunidades de trabalho, sedimentando ciclos de crescimento orgânico que se traduzam em processos contínuos de renovação de lideranças e de sucessão de gerações.
O que as organizações que atuam em ambientes negociais cada vez mais complexos e competitivos esperam é que seus futuros integrantes sejam preparados para ser protagonistas de atos e fatos que façam diferença, impulsionados pelas próprias forças e pela força das circunstâncias, com pensamento global e ação local, decidindo com eficácia e fazendo com eficiência, dotados de criatividade embasada no conhecimento e na intuição e de uma visão otimista do futuro.
Ao formar essa nova geração, nossas universidades atuarão como agentes de emancipação pessoal, estimuladoras da autonomia produtiva e vetores de uma nova consciência que refuta o tradicional conceito de emprego, altera o padrão de dependência do trabalhador perante o mercado e transcende as visões estreitas que preferem apostar no anacrônico conflito entre o capital e o trabalho.