Em um mercado que ainda valoriza títulos e escolas de “primeira linha”, é importante lembrar: o verdadeiro diferencial está na vivência profissional — naquilo que aprendemos no campo de batalha corporativo.
Nos processos seletivos, é comum que os critérios definidos pelas
instâncias superiores sejam seguidos à risca. Pouco espaço se dá à avaliação
individual e contextual do candidato. Um dos primeiros filtros aplicados — e
muitas vezes decisivo — é a idade.
Em cargos de nível superior, especialmente aqueles que exigem MBA,
fluência em idiomas e formação em instituições de prestígio, a experiência
profissional costuma ser subestimada. O valor atribuído ao nome da escola e à
quantidade de diplomas, em muitos casos, sobrepõe-se à história real de
conquistas e aprendizados adquiridos na prática.
Entretanto, há excelentes profissionais formados fora desse círculo
restrito. São pessoas que trabalham durante o dia, estudam à noite e enfrentam
desafios concretos — desenvolvendo competências que nenhum MBA é capaz de
ensinar.
Henry Mintzberg, professor da Universidade McGill (Canadá) e crítico do
modelo tradicional de MBAs, aborda esse tema em seu livro “MBA? Não,
Obrigado”. Ele afirma que é um equívoco tentar ensinar gestão a quem nunca
liderou uma equipe. Para Mintzberg, a verdadeira educação gerencial nasce da
experiência, unindo conhecimento técnico à sensibilidade de administrar
pessoas e situações reais.
Quando concluí minha graduação em Administração, cursei uma
pós-graduação em uma escola de primeira linha — equivalente a um MBA (cerca de 400 horas). Pouco
tempo depois percebi que, se dependesse apenas daquele conteúdo, rapidamente
estaria desatualizado. Desde então, cursos curtos, congressos, leituras e
debates constantes me mantiveram atualizado. Por isso, embora mencione minha
formação acadêmica no currículo, sei que o que realmente tem valor é a
experiência vivida no ambiente empresarial.
Pesquisas recentes mostram que mais da metade dos CEOs
norte-americanos não possui MBA. A revista Exame, citando a Bloomberg
Businessweek, revelou que os professores mais bem avaliados em programas de
negócios não estão, necessariamente, em Harvard, Stanford ou MIT — e que
algumas dessas instituições figuram entre as piores no ranking de satisfação
dos alunos.
Consultorias de recrutamento executivo há muito entenderam esse
equilíbrio: a formação acadêmica é importante, mas as realizações e
resultados concretos do profissional têm peso igual ou superior.
Portanto, se você está cursando ou pretende cursar um MBA, saiba que o
conhecimento formal é apenas o ponto de partida. A atualização constante, a
curiosidade intelectual e o aprendizado prático são o que realmente sustentam
uma carreira de sucesso.
Hoje, com a internet, nunca foi tão fácil aprender — e tão necessário
continuar aprendendo.