Fonte: Folha de São Paulo, 07/02/2010
A participação dos trabalhadores nos resultados é
hoje um imperativo na vida de qualquer empresa. Na era em que vivemos, o que
faz a diferença são o conhecimento que as pessoas dominam e a interação entre
elas, que gera o conhecimento coletivo. O decisivo é o fator humano, condição
que dá a cada indivíduo o direito de sentir-se sócio e comportar-se como
dono da organização onde trabalha.
Por essa razão, temos assistido no Brasil a uma grande
evolução nas formas de se construírem as relações entre os trabalhadores, seus
líderes ( diretores ou não) e os acionistas. Não precisamos, portanto, de novas
leis ou normas desconectadas da realidade, mas de uma nova mentalidade pautada
pela crença no valor da parceria e na capacidade de cada empresa definir seu
próprio modelo de partilha dos resultados e de incentivo à produtividade.
Para contribuir com o debate em curso sobre o tema, listo
abaixo o que considero as premissas indispensáveis dessa agenda:
- No mundo do trabalho, devemos estimular sempre o diálogo
entre líderes e liderados.
- A política de distribuição generalizada dos
resultados obtidos pela empresa, a partir de um valor mínimo pré-estipulado,
cria cartórios e desestimula os mais produtivos – o que não ocorre quando a
participação equivale a uma taxa previamente pactuada sobre as metas a serem
alcançadas pelo setor ou divisão da companhia.
- A avaliação de um profissional para efeito de
pagamento de bônus não deve ter como parâmetro exclusivamente o lucro, mas o
conjunto de resultados tangíveis e intangíveis que ele logrou alcançar, dentre
os quais está o lucro, porque, sendo este a única medida, a empresa não terá
parceiros, terá mercenários.
- Deve prevalecer sempre o conceito básico da
autorremuneração, o que significa que todo profissional que tenha uma relação
formal com uma empresa deve tomar consciência de que precisa produzir, sim,
lucros com o seu trabalho e que parte dele serve para sua retirada mensal e
para a remuneração variável a que fizer jus. A sobra cabe à empresa investir,
de modo a criar novas oportunidades para outros trabalhadores, dar retorno aos
seus acionistas e cultivar intangíveis que façam diferença na perspectiva do
futuro.
- Finalmente, empresas e trabalhadores precisam
ser vistos como uma coisa só, entes convergentes e não antagônicos, cujas
relações já superaram arcaicas concepções de opressor e oprimido e que
dispensam o paternalismo legalista, que não educa, não promove e não valoriza
quem tem valor e traz resultados de fato.
Nota: Observo que nas Empresas Odebrecht as
relações de subordinação não são tratadas como chefe/subordinado, mas sim, como
líder/liderado e a liberdade de "provocar discussão sobre um tema" é
amplamente aceita!
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